quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Influência dos Pais no Processo de Treino de Jovens





O desporto é importante na vida da criança e do jovem. Mas, a qualidade da prática desportiva é mais importante do que a quantidade. O excesso de treinos em idades jovens nem sempre se torna benéfica. Quero com isto dizer que, não é o excesso de prática que prejudica os jovens, mas sim o acumular de cargas de treino (com aplicação desregulada) que podem levar à sobressolicitação e ao sobretreino.
É normal que os pais de um jovem, queiram acompanhar a sua vida desportiva e queiram também conhecer o contexto em que o seu filho está inserido em termos de formação desportiva. Partindo daqui denota-se claramente a influência dos pais no treino dos jovens.

Qualquer treinador dos escalões de formação deve aproveitar o acompanhamento dos pais no treino, sem nunca esquecer de impor limites. Refiro-me aos limites como influências negativas que poderão ser exercidas sobre o jovem (palavras, actos, gestos, etc). Quantos miúdos maravilha já se perderam por não aguentarem a pressão da modalidade, sobrecarregada pelo querer dos pais em que o seu filho seja o melhor?!?
No meu ponto de vista, os clubes, escolas de formação e outras instituições que se dediquem a este ponto do treino, deverão promover encontros entre pais e treinadores, onde estes exponham as regras de conduta, organização do grupo, horários, calendarização anual, mensal, semanal, mas sobretudo as áreas onde os pais podem e devem colaborar.

Conselhos para os pais:
· Explique ao seu filho que perder ou errar não significa fracasso. A derrota é uma consequência lógica de quem pratica desporto. Além disso, os erros permitem-nos reflectir acerca dos aspectos onde devemos melhorar;
· Refira-lhe que a vitória é um estado transitório, ou seja, se hoje ganhamos, é possível que amanhã percamos. Quer isto dizer, que deve ensinar o seu filho a ser humilde nas vitórias, respeitando os adversários.
· Diga-lhe convictamente que o Desporto não é uma guerra e que os adversários não são inimigos. As crianças tendem a encarar os jogos desportivos como uma “guerra de vida ou morte”, esquecendo-se frequentemente de se divertirem com o jogo. Diga-lhes que o mais importante é tirar partido dos benefícios que o jogo lhes dá. Não se canse de lhes dizer que o adversário não é um inimigo. O adversário é um elemento indispensável à competição, ou seja, sem adversário não há jogo, e é o jogo a maior motivação e fonte de prazer das crianças. Por isso, devemos sempre respeitar o adversário como um amigo.
· Diga ao seu filho que é possível ganhar e jogar com Fair-Play. Alguns estudos feitos com crianças demonstram que estas pensam que quem joga com Fair-Play quase sempre perde. Não tenha receio de lhe afirmar que é possível conciliar a vitória jogando com respeito pelos regulamentos, árbitros, adversários e público.
· Não se esqueça de lhe dizer que fazer desporto é uma opção saudável e um excelente complemento para os tempos livres, mas que o mais importante é estudar. Nem todos chegam ao futebol de topo para poder ganhar milhões.

Adaptado de

EFDeportes

sábado, 16 de janeiro de 2010

Variabilidade no Treino



No processo de treino, seja em que modalidade for, a motivação é um factor preponderante para a melhoria da performance. Esta motivação pode ser externa ou interna. A motivação interna depende directamente do atleta (do guarda-redes neste caso) e pode ser 'optimizada' com várias estratégias, entre elas a definição de objectivos. No entanto, é a motivação externa que pode ser mais facilmente manipulada pelo treinador. Também aqui existem várias formas de aumentar a motivação externa mas hoje vamos falar só de uma, a variabilidade dos exercícios.

Muitos treinadores caiem no erro (ou no conformismo) de utilizar sempre os mesmos exercícios no processo de treino o que acaba por causar saturação por parte dos guarda-redes que a certa altura, deixam de ver o treino como um desafio. É certo que há exercícios muito bons que podiam ser utilizados em todas as sessões de treino mas o melhor exercício do mundo pode não provocar uma melhoria na qualidade do guarda-redes, se este não estiver motivado ao realizá-lo. Por causa disso, é importante que se vá inovando nas sessões de treino. Não estou a falar de inventar exercícios só por inventar, aliás, inventar exercícios novos é sempre bom mas é muito importante que ao fazê-lo, se pense bem em todas as componentes desse exercício para que não se treinem (ou destreinem) determinadas qualidades.

Muitas vezes basta adicionar uma condicionante ou definir um objectivo de performance diferente num determinado exercício para que se torne num NOVO desafio para os guarda-redes.

Outra forma de conseguir encontrar novos exercícios é ver o trabalho de outros profissionais e daí tirar novos exercícios para os seus guarda-redes, mas neste caso, tal como referi antes, é preciso ter muita atenção a todas as componentes (físicas, técnicas e tácticas) do exercício porque copiar só por copiar pode ter um mau efeito nos objectivos do treino, até porque ao ver um treino ou um exercício, nós não sabemos com que objectivo é que ele foi criado. Normalmente ver novos exercícios de outros treinadores pode servir simplesmente para inspirar o treinador a criar novos exercícios ou apenas variantes, adaptando-os sempre aos objectivos do treino dos seus guarda-redes.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Comunicação nos jovens Guarda-Redes


Ser guarda-redes é algo que implica muita experiência para se alcançar o sucesso. É por isto que muitos dos guarda-redes de topo jogam até perto dos 40 anos. Em média os guarda-redes alcançam o seu auge aos 30 anos.


Porquê? Tudo depende da forma como se comanda a grande área. Quanto mais se vive as situações de jogo, mais experiência se ganha e mais rápido se antecipa os lances de jogo. Uma excelente forma para isto acontecer é através da comunicação. Saber o quê, quando e o que dizer é um ponto fundamental para qualquer guarda-redes.

Como fazer um guarda-redes comunicar mais?


Tudo depende da idade do guarda-redes que estamos a treinar. Se, por exemplo, tiver 9 anos, não podemos esperar que ele comunique como um guarda-redes profissional. Os guarda-redes jovens são totalmente fixados na bola e não percebem o que poderá acontecer no jogo.
A maioria dos jovens guarda-redes não fala porque não sabe o que dizer. A sua escassa vivência dos contextos do jogo, não os possibilita de comunicar como um guarda-redes experiente. É contra natura e injusto exigir a um jovem comunicar como um guarda-redes experiente.
É da nossa opinião que ao treinar os jovens entre os 9 e os 15 anos se deva incentivar o uso de certas formas de comunicação. Embora básicas irão, no futuro, ajudar a comunicação. Por exemplo:
- “tens espaço”, diz ao colega que tem espaço para controlar a bola e sair a jogar
- “tens homem”, diz ao colega que está sobre pressão
- “sobe”, diz aos defesas para subir no terreno de jogo
- “limpa”, diz aos colegas para tirar a bola da zona de pressão, não colocando a baliza em perigo
- “minha”, diz aos colegas que vai sair da baliza

Quando e como falar?


Se um guarda-redes conseguir no mínimo dizer estas cinco coisas, está no bom caminho para o sucesso.
Depois de perceberem o que dizer, é função do treinador fazer entender quando dizer. Por exemplo, o guarda-redes diz “minha” num cruzamento, mas muitas vezes ouvimo-los dizer isso quando já têm a bola nas mãos. O objectivo deste tipo de fala é avisar os colegas para se afastarem que vai atacar a bola e não que já a tem nas mãos. Nestas situações, pode acontecer o defesa atacar a bola ao mesmo tempo que o guarda-redes e colocar a baliza em perigo. A comunicação deve ser antecipada.

É fundamental saber como falar. Tudo depende da situação. É uma situação de emergência? Com quem estou a falar? Que tipo de situação está a acontecer? Existem muitas variáveis.

O tom de voz é muito importante, mas nas idades mais baixas é mais relevante saber o que dizer do que como dizer. Com o tempo os jovens começarão a perceber como dizer as coisas. Não é demais referir que com o tempo o guarda-redes conhece bem os seus colegas de equipa. Quero com isto dizer que o guarda-redes toma muitas vezes a postura de um psicólogo. Se um colega seu se irrita com facilidade, deve comunicar com ele de forma mais suave, mas se tiver um colega com postura mais “mole” deve utilizar um tom de voz mais grave e irritado. O guarda-redes deve ser o elemento que conhece a personalidade de todos os colegas de equipa.

Em jeito de conclusão, não são só as grandes defesas, o bom posicionamento, as pegas, etc, que fazem um grande guarda-redes. Perceber o que dizer, quando dizer e o como dizer, claro que aliado a boas acções técnico-tácticas, levam sem dúvida um guarda-redes ao sucesso.