quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Captação vs Treino


Algo sobre o qual tenho reflectido bastante nos últimos tempos é sobre o talento. Já tentei desvendar a origem do talento mas este é um tema em que tudo acaba por cair em suposições e crenças, sem que ninguém tenha a certeza de nada. O que é certo é que existem claramente jovens com uma maior predisposição à aprendizagem de determinadas acções que outros, tal como é o caso dos guarda-redes.

Quem é treinador de guarda-redes, concerteza que já assistiu a miúdos que, sem nunca terem jogado a nível federado como guarda-redes, defendem melhor que alguns que já levam um ou mais anos de treino. Eu já vi jogadores de campo a irem à baliza (estamos a falar de camadas jovens) e a dar um autêntico espectáculo. Isto leva-me ao título deste post: será que devemos dar apenas importância ao treino de guarda-redes (com aqueles que temos) ou fazer um maior esforço na captação de jovens para a baliza?

Ao falar de captação de guarda-redes, também pretendo incluir a pesquisa interna, ou seja, jogadores de campo que podem ter uma vocação desconhecida para a posição de guarda-redes. Quando um jogador diz, ao ver que falta um guarda-redes: "Mister, hoje posso ir à baliza?", ponderem seriamente esse pedido pois pode estar ali o futuro guarda-redes titular da equipa. É óbvio que o treino de guarda-redes em si tem extrema importância, até porque por muito talento que um jovem tenha nesta posição, as acções técnico-tácticas dos guardiões são demasiado complexas para serem adquiridas de forma natural com a simples prática do jogo. É preciso corrigir, instruir e melhorar... mas o potencial de evolução de um guarda-redes vai depender muito da sua predisposição para a posição (forma elaborada de dizer talento).

A diferença entre ter um miúdo sem ou com talento é a diferença entre um guarda-redes e um excelente guarda-redes no futuro. Portanto é importantíssimo investir na captação, tanto a nível externo como interno, pois nunca se sabe onde se vai encontrar um jovem promissor.

Foto retirada do site: http://cdsantaclara.wordpress.com/2010/11/11/jovem-guarda-redes-de-15-anos-chamado-ao-plantel-senior/

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Jogo Aéreo

A cultura enraizada no treino de guarda-redes em Portugal, mantém-se muito ligada ao posicionamento dentro da baliza. Embora este ponto se tenha vindo a alterar nos últimos tempos, ainda é bem vísivel, principalmente dos escalões de formação. A experiência que tenho vivido nesta pré-época, que está a acabar, evidencia o que referi anteriormente.
O jogo aéreo é um dos pontos fundamentais nas acções dos guarda-redes. No entanto, noto que por vezes as deficiências provêm de outras características.
Existe grande dificuldade em assumir as responsabilidades neste tipo de lances. O medo de errar, deixar as responsabilidades para os colegas da defesa e ficar na linha de golo. O erro leva à perfeição, no entanto mesmo com todo o apoio do treinador de guarda-redes, um simples comentário do treinador principal pode deitar todo o trabalho por terra e a necessidade de começar tudo de novo.
A falta de comunicação. Muitos guarda-redes não falam por se sentirem envergonhados, pelo receio de serem gozados pelos colegas (e digo isto por já ter assistido a tal).
O receio dos embates com adversários e/ou colegas de equipa. Nas idades de formação o factor psicológico é determinante. Muitos miúdos demoram a perceber que a simples acção de elevar um joelho no salto, os protege dos contactos. "Se tens medo de magoar um colega de equipa, terás sempre medo de magoar um adversário que não conheces de lado algum". Cada um tem as suas acções no jogo e um avançado não está preocupado se magoa um guarda-redes para marcar golo.
A percepção da trajectória da bola. Embora varie de pessoa para pessoa, este aspecto é treinável . As repetições nestes tipos de lances fazem os guarda-redes ganhar experiência e diminuir as possibilidades de errar.
O posicionamento.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Treino de atributos técnico-tácticos


Antes de mais é importante definir inexperiência neste contexto. Quando falar em inexperiência, refiro-me ao reduzido número de jogos realizados num determinado contexto competitivo. E falo em contexto competitivo porque acredito que jogar em Portugal não será a mesma coisa que jogar no Brasil ou em Inglaterra, no entanto, como é óbvio, haverá um grande transfer de experiência de um contexto para o outro. A maior diferença no que diz respeito aos contextos competitivos, que vai ter uma maior implicação no assunto de falta de experiência, prende-se mesmo com a passagem do futebol de formação para o futebol sénior.

Posto isto, vou falar dos atributos cujos ganhos são mais visíveis com o acumular de jogos que propriamente com o treino (embora este seja de extrema importância), falo dos atributos técnico-tácticos. É importante que não se confundam com as missões tácticas dos guarda-redes que têm a ver com o modelo de jogo da equipa. Os atributos técnico-tácticos são todos os tipos de saídas da baliza (cruzamentos e antecipações para evitar situações de 1 x 1 por exemplo).

Ao longo de toda a carreira, todos os guarda-redes cometem erros relativos a estes atributos, no entanto estes erros são denominador comum nos guarda-redes jovens. Por muito talentoso que um guarda-redes seja durante a formação, é muito difícil impor-se ao chegar ao escalão máximo do futebol pois faltam-lhe os milhares de minutos de experiência que o seu concorrente directo tem. Mas o que fazer nestas situações? O guarda-redes precisa claramente de jogar com regularidade para atingir o seu máximo potencial mas também não pode comprometer a equipa com as suas falhas que irão inevitavelmente acontecer por falta de experiência. É este o dilema que muitos clubes enfrentam, sendo a solução rodar os guarda-redes em equipas de escalões inferiores cujos actuais guarda-redes não têm uma qualidade técnica suficiente para superar os jovens guardiões. Quanto ao treino em si, haverá um maior aproveitamento do guarda-redes nas situações de exercícios integrados com o resto do plantel para aumentar a especificidade do jogo embora se devam também usar os exercícios analíticos para corrigir pormenores relacionados com a técnica individual.

sábado, 31 de julho de 2010

Roberto (Sport Lisboa e Benfica) parte II






Comparando com o vídeo anterior, nota-se um pequeno avanço no terreno, no entanto dá-me a impressão que ele tenta fixar-se em posição de espera ainda balançado com a corrida que fez desde a pequena área. (é apenas uma suposição, pois não vi o jogo e as imagens não o mostram convenientemente).

domingo, 25 de julho de 2010

Roberto (Sport Lisboa e Benfica)






Já se percebeu que o novo guarda-redes do Sport Lisboa e Benfica é um típico guarda-redes tipo R. No entanto, após as várias semanas de pré temporada, não vejo nenhuma evolução para tentar contrariar este facto.

Não percebo a vantagem de ter a equipa a jogar no meio campo e o guarda-redes manter-se na sua pequena área.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Exercício Velocidade de Reacção IV



Neste exercício, o guarda-redes reage à voz do treinador, que lhe indica qual a bola que está em jogo. Ao receber a ordem, o guarda-redes pode bloquear a bola, bloquear a bola em 1x1 com o avançado, entre outras variantes. Pode-se atribuir números ou letras a cada bola.

Da forma que utilizo este exercício, o guarda-redes faz no máximo 5 repetições.

Para além de trabalhar a velocidade de reacção, considero-o um bom exercício para trabalhar o posicionamento e a retomada à posição de espera, que pode ser média ou baixa consoante a variante.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Exercício de Velocidade de Reacção III


O guarda-redes coloca-se a 2 metros do treinador. Este deixa cair uma das bolas e o guarda-redes tem de a agarrar antes que caia no chão.

Este exercício, para além de trabalhar a velocidade de reacção, trabalha também a aceleração e a coordenação dos membros inferiores e superiores. É simples, de fácil execução e compreensão por parte do guarda-redes e não são precisos muitos recursos para o realizar.

Nota: Dado as componentes físicas que este exercício abrange, é aconselhável que se faça no início da sessão de treino não havendo ainda acumulação de fadiga.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Exercício de Velocidade de Reacção II



O guarda-redes posiciona-se de frente para o treinador com as mãos atrás das costas. É-lhe dada a indicação que só se pode mexer quando a bola sair das mãos do treinador e quando isso acontecer, ele deve apanhar a bola com as duas mãos.

Alguns pontos importantes:

► O treinador deve mandar a bola com as mãos porque se o fizer com um remate, o guarda-redes consegue antecipar a acção com mais facilidade perdendo-se o efeito surpresa.
► A razão pela qual eu peço aos guarda-redes para apanharem a bola com as mãos (em vez de encaixarem a bola) é que desta forma eles precisam de ser mais rápidos no seu movimento ao mesmo tempo que trabalham as pegas, no entanto, dependendo do objectivo, podem-se usar muitas outras variantes.
► É preciso ter em atenção a velocidade de reacção actual do guarda-redes. Devemos primeiro lançar bolas mais devagar para ter a certeza que o guarda-redes é suficientemente rápido para conseguir reagir, evitando alguns acidentes.

(Não coloquei a distância que o treinador deve estar do guarda-redes porque vai depender dos próprios, no entanto podem fazer algumas tentativas no início com o intuito de explicar o exercício, de forma a descobrir a distância ideal para que o exercício tenha o maior efeito possível.)

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Exercício Velocidade de Reacção


Dois guarda-redes encontram-se de costas e de pernas afastadas. Os dois lançam a sua bola por baixo das pernas, simultaneamente. O objectivo de cada guarda-redes é bloquear a sua bola, ou a bola do colega, consoante a variante, antes que esta chega à linha entre os cones.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Melhor Guarda-Redes em Portugal (2009/2010)


Começámos uma sondagem neste blog há uns meses atrás, que terminou apenas no último dia de competição da Liga Sagres, onde tentámos apurar qual o melhor guarda-redes a jogar em Portugal na época 2009/2010.

Nas opções estavam todos os guarda-redes considerados titulares dos 16 clubes da Liga Sagres e mais uma que comportava a opção 'outro'.

Os resultados foram os seguintes:

1º - Quim (S.L. Benfica) - 34%
2º - Helton (F.C. Porto) - 17%
3º - Rui Patrício (Sporting C.P.) - 13%
4º - Eduardo (S.C. Braga) - 9%
5º - Peiser (A. Naval 1º de Maio) - 4%
5º - Outro - 4%
7º - Hugo Ventura (S.C. Olhanense) - 3%
8º - Djuricic (U.D. Leiria) - 2%
9º - Peçanha (C.S. Marítimo) - 1%
9º - Bracalli (C.D. Nacional) - 1%
9º - Nilson (Vitória S.C.) - 1%
12º - Carlos (Rio Ave F.C.) - 0%
12º - Rui Nereu (A. Académca C. - O.A.F.) - 0%
12º - Mário Felgueiras (Vitória F.C.) - 0%
12º - Nélson (C.F. "Os Belenenses") - 0%
16º - Cássio (F.C. Paços de Ferreira) - 0%
16º - Diego (Leixões S.C.) - 0%

Claro que esta sondagem vale o que vale, no entanto, sendo este blog dedicado aqueles que estão interessados no treino de guarda-redes, creio que as votações foram feitas por pessoas que compreendem esta posição e como tal têm um sentido crítico mais apurado.

(A diferença entre os 12º e os 16º foi de apenas 1 voto)

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Exercício de Coordenação V

Quando se fala de exercícios de coordenação, é imperativo falar da escada de agilidade pois é um meio simples e eficaz de trabalhar a coordenação a vários níveis, principalmente dos membros inferiores.

Desta forma, não vou descrever exercícios possíveis na escada de agilidade pois é complicado explicar e ainda mais complicado perceber uma descrição por escrito. Desta forma, optei por colocar aqui um vídeo com uma boa selecção de exercícios dos quais se podem tirar algumas ideias.

É importante perceber que parte dos executantes que aparecem no vídeo estão a cometer vários erros, principalmente no que diz respeito à utilização dos membros superiores que não acompanham o movimentos dos membros inferiores. Todos os exercícios na escada de agilidade devem ser feitos mantendo o máximo equilíbrio possível.


sexta-feira, 30 de abril de 2010

Exercício de Coordenação IV



O exercício apresentado tem como objectivo trabalhar a coordenação dos membros superiores e inferiores.


O guarda-redes lança as bolas simultaneamente à parede, tendo que apanhá-las de novo com as mãos e com os pés.


Esta é apenas uma das variantes, pois em vez de usar uma parede, podemos usar uma superfície com irregularidades, mas sobretudo outro guarda-redes.


Este tipo de exercícios são normalmente utilizados em guarda-redes dos escalões de formação.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Exercício de Coordenação III



O exercício acima apresentado trabalha essencialmente a coordenação oculo-manual e orientação espacial, para além do passe com as mãos e as pegas e encaixes.


Os guarda-redes do meio após receberem o passe, devolvem a bola a quem passou e alternam de posição entre si. Ao final de um certo tempo, os guarda-redes de "fora" trocam de posição com os colegas do meio.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Exercício de Coordenação II



Neste exercício, o guarda-redes começa junto à linha lateral da pequena área e tem de saltar alternadamente para cada um dos lados tocando sempre com os dois pés de cada lado da linha (é necessário que ela faça isto o mais depressa possível mantendo a qualidade do movimento). O número de vezes que o guarda-redes passa de um lado para o outro da linha pode variar mas não é aconselhável que o número destas repetições seja muito elevado pois no trabalho de coordenação não é aconselhável a acumulação de fadiga devido às características do esforço.

Depois do último salto (convém que seja de fora para dentro, na direcção da baliza) o guarda-redes faz uma queda rasteira para segurar uma bola que já estava no chão e neste momento, o treinador corre para a bola para fazer um remate ao meio da baliza, a uma altura qualquer (quanto mais aleatória for a trajectória da bola, melhor), obrigando o guarda-redes a levantar-se o mais depressa possível para defender esse remate.

Neste último remate, deve incentivar-se o guarda-redes a segurar a bola se possível, isto porque se o seu objectivo for apenas de impedir que a bola entre na baliza, descorando a qualidade da defesa, ele limita-se a levantar-se com o objectivo de se colocar na trajectória da bola, muitas vezes desenquadrado com a mesma. Se lhe dissermos que o objectivo é segurar a bola, ele terá a preocupação de se levantar mantendo o seu corpo equilibrado, de frente para a bola, realizando um movimento rápido mas mais controlado.

Este exercício, para além de trabalhar a coordenação, também serve para melhorar a velocidade de execução e de reacção. Pode também servir para trabalhar a força abdominal se exigirmos que o guarda-redes se levante (para defender o remate) sem utilizar as mãos.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Exercício de Coordenação



Neste exercício, o guarda-redes lança a bola ao ar e ao mesmo tempo o treinador remata uma bola à figura para trabalhar as pegas e/ou encaixe. O guarda-redes tem de defender a bola do treinador, devolvê-la ao mesmo e apanhar a bola que tinha atirado previamente ao ar.

Este exercício permite trabalhar a coordenação dos membros superiores bem como a sua velocidade de execução, ao mesmo tempo que também permite trabalhar as pegas e/ou encaixes.

O trabalho de coordenação dos membros superiores dá uma maior destreza dos mesmos o que significa, de uma forma geral, maior precisão de movimentos bem como uma maior velocidade de execução, o que vai aumentar a eficácia das intervenções do guarda-redes em várias situações de jogo como por exemplo recargas dos atacantes ou bolas divididas.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Exercício de Aquecimento IV

Exercício para aquecimento com as componentes de deslocamentos, pegas e encaixes e quedas laterais.

1 - Deslocamento rápido para o pino
2 - Defesa de remate rasteiro com queda
3 - Retorno à posição inicial
4 - Defesa de remate rasteiro "à figura"
5 - Deslocamento rápido para o pino
6 - Defesa de remate rasteiro com queda
7 - Retorno à posição inicial

sábado, 27 de março de 2010

Exercício de Aquecimento III

Utilizo este exercício para desenvolver e consolidar os deslocamentos, pegas e encaixes, cobertura de ângulos, etc consoante as condicionantes que coloque.
A imagem demonstra uma variante, na qual o guarda-redes se desloca em ziguezague entre os pinos vermelhos e amarelos. Em cada pino recebe um remate do Treinador. Permite desenvolver pegas e encaixes e deslocamentos. A cobertura de ângulos não se inclui, pois os remates saem sempre da zona central não obrigando os guarda-redes a fechar os 3 ângulos de remate.

Para a cobertura de ângulos basta que o treinador faça os remates de várias zonas, obrigando o guarda-redes a deslocar-se com o objectivo de fechar os 3 ângulos.

terça-feira, 16 de março de 2010

Exercício de Aquecimento II


Este é um exercício bastante simples mas que abrange capacidades técnicas, físicas e cognitivas tornando-o muito útil num aquecimento.

O exercício é realizado com 2 guarda-redes em que um passa a bola para o outro com uma reposição de mãos rasteira e o outro passa a bola com uma reposição de mãos alta.

Em termos técnicos permite melhorar estas duas formas de reposição (ou qualquer outra, dependendo da adaptação que se faça deste exercício) mas é importante que o treinador saiba analisar e corrigir estes gestos porque, principalmente na formação, os guarda-redes costumam ter algumas dificuldades em realizar as reposições.

Em termos físicos, este exercício solicita a massa muscular dos membros superiores, tronco e cintura escapular trabalhando também a flexibilidade dinâmica dos braços e tronco.

Em termos cognitivos aumenta a coordenação óculo-manual e obriga o guarda-redes a aumentar os índices de concentração para realizar este exercício com eficácia.

Atenção: é importante que os guarda-redes não vejam este exercício como uma competição entre eles. A ideia de acelerar o ritmo do exercício para fazer com que o colega cometa uma falha é por vezes tentadora tanto para os guarda-redes como para os treinadores mas se isto acontecer, eles começam a dar menos importância ao gesto técnico e a precipitar-se no movimento dando origem a erros técnicos que, se não forem corrigidos podem tornar-se sistemáticos e fazer com que o guarda-redes adquira uma técnica inadequada. Desta forma, em todas as repetições, os guarda-redes devem passar a bola ao mesmo tempo, nem que para isso tenham de esperar que o colega esteja pronto.

Este exercício pode ter várias adaptações mas algo que costumo fazer, visto que o realizo normalmente como forma de aquecimento, é fazer com que os guarda-redes façam as reposições alternadamente com a mão direita e com a esquerda, isto porque eu quero preparar o guarda-redes, a nível muscular, para o resto da sessão de treino e se estes trabalharem apenas as reposições com apenas uma mão, solicitam mais os grupos musculares de um lado que de outro.

terça-feira, 9 de março de 2010

Exercício de Aquecimento

(imagem não está à escala correcta)


O exercício apresentado na figura, é um dos exercícios que uso para o aquecimento dos GR da equipa em que trabalho.


O exercício é composto por duas fases.

A primeira (assinalada com o nº1), consiste na realização de mobilização articular geral e/ou coordenação dos membros inferiores, consoante o que queira trabalhar no exercício seguinte. Após a realização das acções anteriormente descritas, o GR assume a posição base, recebendo um remate "à figura" do treinador. Este remate permite desenvolver, aperfeiçoar ou consolidar as pegas, tanto a meia altura como rasteiras. Esta fase deve ter as repetições que o treinador entender.


A segunda fase(assinalada com o nº2), consiste em deslocamentos laterais e/ou coordenação dos membros inferiores, seguido de uma queda rasteira para bloquear a bola posicionada à distância escolhida pelo treinador. Esta fase realiza-se como um prolongamento da fase 1



"Por muito bom que seja um exercício, de nada vale sem um FB correcto"

quarta-feira, 3 de março de 2010

Posicionamento II




Os grandes guarda-redes têm a capacidade de tornar as grandes defesas fáceis (à vista). O elemento chave para criar tal facilitismo, é o posicionamento.

O que fazer para que o posicionamento seja correcto?

O guarda-redes tem de estar presente em campo, tanto física como psicologicamente. O corpo deve manter-se em constante movimento, nunca fixo ao chão. O centro de gravidade deve apresentar-se um pouco mais baixo relativamente à posição erecta, com os pés à largura dos ombros, distribuindo assim o peso em ambos os apoios. Quanto à posição dos membros superiores, os cotovelos devem estar flectidos, ficando as mãos com as palmas voltadas para baixo. A cabeça deve estar fixa com os ombros, não querendo dizer com isto, a total rigidez da cintura escapular.

Após o corpo estar em condições de reagir rapidamente, o guarda-redes deve criar duas linhas imaginárias que partem da bola e terminam nos postes. Estas linhas formam um triângulo, no qual o guarda-redes se coloca alinhado com a linha da bola, ou seja, em linha com ela.

Sendo o guarda-redes um jogador com total visão sobre o jogo, a sua capacidade de leitura influencia a sua colocação para a boa cobertura dos ângulos. Essa leitura inclui, por exemplo, a distância e a posição a que se encontra a bola, se esta tem uma trajectória rasteira, aérea, aos saltos, a velocidade a que o adversário conduz a bola na direcção da baliza, etc. Só tendo em conta, estes e mais factores, é que o guarda-redes, consegue um bom posicionamento.

Grande parte dos treinadores de guarda-redes apostam apenas em treinos para a cobertura dos ângulos esquerdo e direito, esquecendo-se do ângulo por cima da cabeça. Neste caso, a estatura do guarda-redes é uma forte condicionante ao planeamento do treino.

Um excelente posicionamento, reduz a probabilidade de sofrer golos. A defesa constante dos remates adversários, provoca nestes um sentimento de incapacidade para chegar ao seu objectivo, facilitando ainda mais as acções do guarda-redes.

Uma outra forma de criar nos guarda-redes uma boa percepção do seu posicionamento, é mostrar-lhes os vídeos das suas acções em competição, dos quais saliento os golos sofridos. Através destes lances, os guarda-redes vêem o que fizeram de mal e o que poderiam ter feito. A observação destes vídeos deve ser acompanhada por algum tipo de feedback dos treinadores, pois, principalmente em guarda-redes mais novos, o objectivo da observação pode ser mal compreendido.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Feedback II




A importância de um treinador de guarda-redes numa equipa vai muito para além do treino específico e dos exercícios em si. Muito daquilo que nós nos temos vindo a aperceber é que mais importante que bons exercícios, são bons feedbacks. Nós vemos com frequência o trabalho de outros treinadores de guarda-redes que usam bons exercícios mas que não corrigem os guarda-redes e esses bons exercícios acabam por servir para o guarda-redes treinar os erros e não evoluir como seria de se esperar.

Já falámos anteriormente sobre feedbacks e não nos vamos repetir neste post, onde vamos abordar este tema sobre outras perspectivas.

Primeiro é preciso falar sobre um aspecto psicológico do treino muito importante e que pouca gente tem conhecimento. A mente humana, ou digamos, o nosso subconsciente não reconhece a palavra ‘não’ e se, por exemplo, dissermos a um guarda-redes para “não cair com os cotovelos”, o que a sua mente vai perceber é “cair com os cotovelos” e é isso mesmo que vai acontecer. Ouvi do Prof. Dr. Sidónio Serpa a melhor forma de exemplificar aquilo que quero dizer. Ele disse para não pensarmos num cesto com laranjas e logo de seguida perguntou-nos qual a primeira coisa que nos veio à cabeça. Claro que a primeira coisa em que pensámos foi num cesto com laranjas pois é assim que a nossa mente funciona. Isto acontece a toda a hora e aposto que todos nos lembramos de situações em que isso aconteceu connosco sem que nos tivéssemos sequer apercebido. Por exemplo, quantas vezes não estivemos numa situação em que pensámos “não posso falhar este passe” e a bola vai direitinha aos pés do adversário? E depois pensamos como é possível ter falhado um passe numa situação em que estava totalmente concentrado em não falhar? O problema é que a nossa mente estava concentrada em falhar (lembram-se que ela não reconhece a palavra ‘não’?).

Voltando ao assunto que iniciou este post, é muito importante que o treinador de guarda-redes diga como fazer em vez de como não fazer. E quando disse no início que a importância do treinador de guarda-redes vai muito para além do treino específico, estava a referir-me ao facto de o treinador de guarda-redes poder usar esta forma de abordagem durante todo o treino (treino específico da técnica de guarda-redes e treino integrado com o resto da equipa) de forma a que toda a sessão de treino seja um período de aprendizagem do guarda-redes. Portanto, é preciso que o treinador de guarda-redes não deixe de intervir verbalmente durante o treino integrado com a equipa (sempre de uma forma ‘positiva’ – evitar usar o ‘não’) pois é em situações de jogo (ou formas jogadas) que o guarda-redes põe em prática aquilo que sabe e é aqui que ocorre grande parte da sua aprendizagem / evolução.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Erros comuns nas saídas aos cruzamentos



Existem 3 erros que são bastante comuns nas saídas aos cruzamentos e bolas aéreas em geral e que devem ser corrigidos o mais cedo possível.

O primeiro tem a ver com o joelho que sobe durante a impulsão. Muitos guarda-redes não sabem sequer que há um critério que define qual o joelho que deve estar flectido na fase aérea (da perna contrária àquela que faz a impulsão). A regra é a seguinte: o joelho que sobe é aquele que está mais perto dos adversários, por exemplo, num cruzamento vindo do lado direito do guarda-redes, deve ser o joelho esquerdo a subir pois é o que estará do lado dos atacantes. Isto serve para proteger o guarda-redes dos embates com os outros jogadores.

Outro erro frequente tem a ver com o facto de o guarda-redes não olhar sempre directamente para a bola durante o salto. Muitas vezes, por algum receio do contacto com os jogadores presentes no raio de acção, o guarda-redes tem a tendência para baixar ou virar a cabeça e até mesmo fechar os olhos perto do momento de contacto. É muito importante que o guarda-redes olhe sempre fixamente para a bola até que esta esteja segura nas suas mãos ou seja socada para longe da baliza (e de preferência para onde não estiverem adversários). Desta forma ele consegue calcular mentalmente de uma forma mais precisa a trajectória da bola aumentando consideravelmente as hipóteses de uma intervenção bem sucedida.

Por fim, um erro mais comum nos guarda-redes principiantes, que se prende com o facto de o guarda-redes não indicar ao colegas de equipa que vai tentar intervir sobre a bola. Habitualmente é sob a forma de um grito (‘eu’, ‘minha’ ou a gritar o próprio nome) prolongado e confiante que ele indica que vai tentar ganhar a bola. Isto serve não só para que os seus defesas não tentem também ganhar a bola e desta forma se tornem mais um obstáculo ao guarda-redes no ‘combate’ aéreo pela disputa de bola mas também para intimidar os atacantes adversários para que estes hesitem quando saltam para o cabeceamento. É também importante que o guarda-redes use sempre o mesmo grito para que a sua defesa se familiarize com as suas intervenções.

Todos estes aspectos dependem do treino para se tornarem parte do repertório do guarda-redes. Enquanto os dois primeiros tem a ver com a técnica em si, o 3º já depende mais da experiência e é aquele onde provavelmente o guarda-redes irá errar mais ao longo de toda a sua carreira, portanto é preciso paciência nesse aspecto. Erros irão acontecer sempre, a frequência da sua ocorrência é que irá diminuir com a experiência ganha nos treinos e principalmente, na competição.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Pontapés de Baliza





Tem-se tornado óbvio que a reposição de bola no pontapé de baliza é um dos grandes problemas para os guarda-redes e para os seus treinadores.

O que proponho aos guarda-redes da equipa onde estou a trabalhar é basicamente preocuparem-se primeiro com a técnica. É absolutamente irrisório tentar começar a aplicar força nos batimentos, porque ao bater a bola com força e não conseguir imprimir uma trajectória alta, provoca inevitavelmente o contra-ataque adversário.

O meu ponto de vista em relação ao batimento de bola é muito semelhante à execução de um passe alto por um jogador de campo. Ou seja, o pé de apoio colocado ao lado da bola, o tronco ligeiramente inclinado para trás, a zona do pé que toca na bola e a zona da bola onde toca o pé. Estes dois últimos pontos, para mim, são o cerne da questão. A minha experiência neste tipo de execução técnica e após consulta de vários autores, leva-me a concluir que a zona do pé que deve tocar na bola é maioritariamente o peito do pé, sem nunca esquecer que o pé deve atacar a bola lateralmente e não de frente. A zona do pé atrás referida, deve bater a bola na parte inferior central, ou seja, entre o meio e o relvado.

Não é demais referir que alguns estudos biomecânicos mostram que a aceleração da perna é também importante. Muitas vezes vemos jovens guarda-redes a fazerem grandes corridas de balanço para marcarem o pontapé de baliza, o que demonstra que a noção de aceleração está presente, mas de forma incorrecta. Este é mais um de muitos pormenores que devem ser trabalhados desde cedo.

Após a aquisição do gesto técnico correcto, podemos então introduzir no processo de treino a noção de força.

Em jeito de conclusão, no pontapé de baliza, é mais importante o último passo do que grande corridas de balanço.

Que posição deve assumir o guarda-redes quando é um colega de campo a marcar o pontapé de baliza?

Mais uma vez descrevo o meu ponto de vista, em relação a este assunto. Vemos frequentemente nas equipas de formação os defesas centrais a marcar o pontapé de baliza, devido à incapacidade (sobretudo técnica) do guarda-redes para o fazer. No futebol profissional isto também acontece, mas derivado de problemas físicos.
Defendo nestes casos, que o guarda-redes se deve posicionar entre a marca do penalti e a linha da pequena área. Simplesmente porque, se no caso do colega bater mal a bola, o guarda-redes encontra-se numa posição que o permite sair rápido para situação de 1x1 com o avançado e não se encontra demasiado avançado para sofrer um “chapéu”.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Influência dos Pais no Processo de Treino de Jovens





O desporto é importante na vida da criança e do jovem. Mas, a qualidade da prática desportiva é mais importante do que a quantidade. O excesso de treinos em idades jovens nem sempre se torna benéfica. Quero com isto dizer que, não é o excesso de prática que prejudica os jovens, mas sim o acumular de cargas de treino (com aplicação desregulada) que podem levar à sobressolicitação e ao sobretreino.
É normal que os pais de um jovem, queiram acompanhar a sua vida desportiva e queiram também conhecer o contexto em que o seu filho está inserido em termos de formação desportiva. Partindo daqui denota-se claramente a influência dos pais no treino dos jovens.

Qualquer treinador dos escalões de formação deve aproveitar o acompanhamento dos pais no treino, sem nunca esquecer de impor limites. Refiro-me aos limites como influências negativas que poderão ser exercidas sobre o jovem (palavras, actos, gestos, etc). Quantos miúdos maravilha já se perderam por não aguentarem a pressão da modalidade, sobrecarregada pelo querer dos pais em que o seu filho seja o melhor?!?
No meu ponto de vista, os clubes, escolas de formação e outras instituições que se dediquem a este ponto do treino, deverão promover encontros entre pais e treinadores, onde estes exponham as regras de conduta, organização do grupo, horários, calendarização anual, mensal, semanal, mas sobretudo as áreas onde os pais podem e devem colaborar.

Conselhos para os pais:
· Explique ao seu filho que perder ou errar não significa fracasso. A derrota é uma consequência lógica de quem pratica desporto. Além disso, os erros permitem-nos reflectir acerca dos aspectos onde devemos melhorar;
· Refira-lhe que a vitória é um estado transitório, ou seja, se hoje ganhamos, é possível que amanhã percamos. Quer isto dizer, que deve ensinar o seu filho a ser humilde nas vitórias, respeitando os adversários.
· Diga-lhe convictamente que o Desporto não é uma guerra e que os adversários não são inimigos. As crianças tendem a encarar os jogos desportivos como uma “guerra de vida ou morte”, esquecendo-se frequentemente de se divertirem com o jogo. Diga-lhes que o mais importante é tirar partido dos benefícios que o jogo lhes dá. Não se canse de lhes dizer que o adversário não é um inimigo. O adversário é um elemento indispensável à competição, ou seja, sem adversário não há jogo, e é o jogo a maior motivação e fonte de prazer das crianças. Por isso, devemos sempre respeitar o adversário como um amigo.
· Diga ao seu filho que é possível ganhar e jogar com Fair-Play. Alguns estudos feitos com crianças demonstram que estas pensam que quem joga com Fair-Play quase sempre perde. Não tenha receio de lhe afirmar que é possível conciliar a vitória jogando com respeito pelos regulamentos, árbitros, adversários e público.
· Não se esqueça de lhe dizer que fazer desporto é uma opção saudável e um excelente complemento para os tempos livres, mas que o mais importante é estudar. Nem todos chegam ao futebol de topo para poder ganhar milhões.

Adaptado de

EFDeportes

sábado, 16 de janeiro de 2010

Variabilidade no Treino



No processo de treino, seja em que modalidade for, a motivação é um factor preponderante para a melhoria da performance. Esta motivação pode ser externa ou interna. A motivação interna depende directamente do atleta (do guarda-redes neste caso) e pode ser 'optimizada' com várias estratégias, entre elas a definição de objectivos. No entanto, é a motivação externa que pode ser mais facilmente manipulada pelo treinador. Também aqui existem várias formas de aumentar a motivação externa mas hoje vamos falar só de uma, a variabilidade dos exercícios.

Muitos treinadores caiem no erro (ou no conformismo) de utilizar sempre os mesmos exercícios no processo de treino o que acaba por causar saturação por parte dos guarda-redes que a certa altura, deixam de ver o treino como um desafio. É certo que há exercícios muito bons que podiam ser utilizados em todas as sessões de treino mas o melhor exercício do mundo pode não provocar uma melhoria na qualidade do guarda-redes, se este não estiver motivado ao realizá-lo. Por causa disso, é importante que se vá inovando nas sessões de treino. Não estou a falar de inventar exercícios só por inventar, aliás, inventar exercícios novos é sempre bom mas é muito importante que ao fazê-lo, se pense bem em todas as componentes desse exercício para que não se treinem (ou destreinem) determinadas qualidades.

Muitas vezes basta adicionar uma condicionante ou definir um objectivo de performance diferente num determinado exercício para que se torne num NOVO desafio para os guarda-redes.

Outra forma de conseguir encontrar novos exercícios é ver o trabalho de outros profissionais e daí tirar novos exercícios para os seus guarda-redes, mas neste caso, tal como referi antes, é preciso ter muita atenção a todas as componentes (físicas, técnicas e tácticas) do exercício porque copiar só por copiar pode ter um mau efeito nos objectivos do treino, até porque ao ver um treino ou um exercício, nós não sabemos com que objectivo é que ele foi criado. Normalmente ver novos exercícios de outros treinadores pode servir simplesmente para inspirar o treinador a criar novos exercícios ou apenas variantes, adaptando-os sempre aos objectivos do treino dos seus guarda-redes.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Comunicação nos jovens Guarda-Redes


Ser guarda-redes é algo que implica muita experiência para se alcançar o sucesso. É por isto que muitos dos guarda-redes de topo jogam até perto dos 40 anos. Em média os guarda-redes alcançam o seu auge aos 30 anos.


Porquê? Tudo depende da forma como se comanda a grande área. Quanto mais se vive as situações de jogo, mais experiência se ganha e mais rápido se antecipa os lances de jogo. Uma excelente forma para isto acontecer é através da comunicação. Saber o quê, quando e o que dizer é um ponto fundamental para qualquer guarda-redes.

Como fazer um guarda-redes comunicar mais?


Tudo depende da idade do guarda-redes que estamos a treinar. Se, por exemplo, tiver 9 anos, não podemos esperar que ele comunique como um guarda-redes profissional. Os guarda-redes jovens são totalmente fixados na bola e não percebem o que poderá acontecer no jogo.
A maioria dos jovens guarda-redes não fala porque não sabe o que dizer. A sua escassa vivência dos contextos do jogo, não os possibilita de comunicar como um guarda-redes experiente. É contra natura e injusto exigir a um jovem comunicar como um guarda-redes experiente.
É da nossa opinião que ao treinar os jovens entre os 9 e os 15 anos se deva incentivar o uso de certas formas de comunicação. Embora básicas irão, no futuro, ajudar a comunicação. Por exemplo:
- “tens espaço”, diz ao colega que tem espaço para controlar a bola e sair a jogar
- “tens homem”, diz ao colega que está sobre pressão
- “sobe”, diz aos defesas para subir no terreno de jogo
- “limpa”, diz aos colegas para tirar a bola da zona de pressão, não colocando a baliza em perigo
- “minha”, diz aos colegas que vai sair da baliza

Quando e como falar?


Se um guarda-redes conseguir no mínimo dizer estas cinco coisas, está no bom caminho para o sucesso.
Depois de perceberem o que dizer, é função do treinador fazer entender quando dizer. Por exemplo, o guarda-redes diz “minha” num cruzamento, mas muitas vezes ouvimo-los dizer isso quando já têm a bola nas mãos. O objectivo deste tipo de fala é avisar os colegas para se afastarem que vai atacar a bola e não que já a tem nas mãos. Nestas situações, pode acontecer o defesa atacar a bola ao mesmo tempo que o guarda-redes e colocar a baliza em perigo. A comunicação deve ser antecipada.

É fundamental saber como falar. Tudo depende da situação. É uma situação de emergência? Com quem estou a falar? Que tipo de situação está a acontecer? Existem muitas variáveis.

O tom de voz é muito importante, mas nas idades mais baixas é mais relevante saber o que dizer do que como dizer. Com o tempo os jovens começarão a perceber como dizer as coisas. Não é demais referir que com o tempo o guarda-redes conhece bem os seus colegas de equipa. Quero com isto dizer que o guarda-redes toma muitas vezes a postura de um psicólogo. Se um colega seu se irrita com facilidade, deve comunicar com ele de forma mais suave, mas se tiver um colega com postura mais “mole” deve utilizar um tom de voz mais grave e irritado. O guarda-redes deve ser o elemento que conhece a personalidade de todos os colegas de equipa.

Em jeito de conclusão, não são só as grandes defesas, o bom posicionamento, as pegas, etc, que fazem um grande guarda-redes. Perceber o que dizer, quando dizer e o como dizer, claro que aliado a boas acções técnico-tácticas, levam sem dúvida um guarda-redes ao sucesso.