quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Comunicação II


É mais que uma certeza o facto de a comunicação ser um requisito para qualquer guarda-redes mas parece que ainda não se dá a devida importância a essa qualidade.

É preciso que se perceba que a comunicação se deve treinar mas não num treino descontextualizado do resto da equipa. A comunicação serve para interligar as acções do guarda-redes com o sector defensivo da equipa para que toda a equipa trabalhe de forma harmoniosa durante a fase defensiva.

Muitas vezes os guarda-redes têm uma excelente leitura de jogo e conseguem comunicar atempadamente o que pretendem aos seus colegas, no entanto coloca-se um problema que é o tipo de linguagem que se usa. Embora haja muitas acções cuja comunicação é feita da mesma forma em quase todas as equipas, há muitos casos em que a linguagem usada muda de equipa para equipa e por vezes há esse desentendimento entre o guarda-redes e a sua defesa. E se acontecer um golo devido a esse desentendimento, de quem é a culpa? Do guarda-redes ou dos defesas? A culpa tem de ser assumida pelo treinador que não se preocupou em trabalhar estes aspectos.
Há várias formas de treinar a comunicação entre o guarda-redes e os seus defesas mas aquela que me parece a forma mais produtiva são os exercícios de sectores onde existem várias situações de ataque à linha defensiva dando oportunidade dos guarda-redes (convém que tanto o titular como o suplente, nos casos em que se verifique esta distinção, estejam à vontade na relação com a sua linha defensiva) comuniquem frequentemente com a sua defesa, para que estes se habituem às suas indicações.

Relativamente à comunicação em si, vai sempre depender do que é (ou deve ser) estabelecido na equipa pelo treinador em consonância com os seus jogadores, no entanto há algumas regras básicas que devem ser sempre seguidas pelo guarda-redes nas suas intervenções verbais que são:
- ser breve (o objectivo não é ter uma conversa com o colega de equipa mas sim dar-lhe rápidas indicações sobre o que se está a passar e o que este deve fazer)
- ser objectivo (em acção defensiva, não há tempo para suposições ou advinhas, a informação deve ser dada de forma a que o defesa saiba exactamente o que o guarda-redes quis transmitir)

Há ainda uma outra regra que eu defendo mas no entanto pode ser alvo de contra-senso para outros treinadores. Na minha opinião, o guarda-redes não deve estar sempre a comunicar com os seus colegas, ou seja, não deve exagerar na quantidade da informação porque corre o risco de os defesas se habituarem ao ‘barulho de fundo’ que são as suas indicações e deixarem de tomar a atenção necessária ao que é dito. Acho que o guarda-redes deve só intervir quando é necessário evitando a tentação de relatar tudo o que se passa, situações que muitas vezes estão completamente controladas pelos defesas.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Feliz Natal

Desejamos um feliz Natal e um bom ano de 2010 a todos os leitores
Continuação de bons treinos

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Feedback


Este texto é mais para os treinadores que para os próprios guarda-redes. Tenho visto ao longo do tempo as interacções dos treinadores com os seus jogadores, nomeadamente quando estes últimos cometem algum erro e a forma como os treinadores costumam lidar com os erros dos guarda-redes é de facto preocupante.

Esta posição específica, dependendo das qualidades mentais do jogador, é muito susceptível a crises de confiança e está sobre grande pressão durante os jogos. Um simples erro inofensivo pode significar numa perda de confiança que irá afectar directamente a performance posterior do guarda-redes no jogo, e essa perda de confiança é muitas vezes amplificada pelos treinadores, com críticas destrutivas. Muitos dos erros que os guarda-redes cometem são justificáveis, não só pela falta de treino específico mas também pelo próprio contexto do jogo mas são poucos os treinadores que compreendem essa posição e têm muitas dificuldades em conter o seu descontentamento. Este problema aumenta quando as críticas do treinador se alastram aos jogadores criando uma reacção em cadeia que irá destruir a confiança do guarda-redes. Se a isto tudo, juntarmos a reacção do público e dos adversários, podemos ver o ‘inferno’ que se torna defender uma baliza depois disto tudo.

É preciso que o treinador tenha consciência que nenhum treino no mundo é melhor que a própria experiência competitiva e os erros são das melhores formas de o guarda-redes aprender e evoluir. Se falarmos da formação, os erros dos guarda-redes devem ser vistos como excelentes oportunidades de o fazer crescer tanto técnica como mentalmente e para isso é preciso paciência. Infelizmente, esta paciência pode tornar-se num paradoxo numa realidade onde os resultados são a única coisa que interessa, seja em que idades for...

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Métodos de Treino




Método Analítico (por capacidades)

Método Global (em competição)


Método Analítico

aprendizagem isolada do gesto técnico em condições facilitadas;

focalização da atenção na execução biomecanicamente correcta;

aumento progressivo das condições de execução do gesto.


Vantagens:

mais rápida aquisição do gesto correcto;

mais fácil a organização da sessão de treino e dos praticantes no treino;

mais fácil o controlo de aprendizagem.


Desvantagens:

domínio rígido do gesto

melhorias separadas do contexto, difícil transfer para o jogo;

conhecimentos reduzidos acerca do jogo;

monotonia.



Método Global

aprendizagem dos elementos num ambiente táctico

dá preferência à compreensão táctica do jogo;

os gestos técnicos a aprender surgem das situações tácticas que solicitam a sua utilização.


Vantagens:

especificidade;

formação do conhecimento sobre o jogo que permite atingir o êxito mais depressa (eficiência);

desenvolvimento do pensamento táctico

condições mais diversificadas e motivadoras do treino.


Desvantagens:

dificulta o controlo de aprendizagem;

aquisição do gesto correcto mais lenta;

complexidade na determinação das cargas.



Exercício como meio principal de treino

Componentes do exercício que permitem variar a sua complexidade

Tarefas fechadas

- Corpo (estático ou dinâmico)

- Bola (controlada ou a controlar)

• Velocidade;

• Precisão;

Distância;

Trajectória;

Sequência de movimentos.

Tarefas abertas

nº de estímulos (colegas, adversários, bolas);

dimensão espacial;

tempo disponível;

nível de oposição

esforço físico (nível da fadiga).

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Formas de velocidade no treino de guarda-redes




Tempo de reacção complexo: Resposta aos estímulos (auditivos e visuais) que o jogo apresenta:
• Trajectórias da bola
• Acções dos colegas, adversários, árbitros

O tempo de reacção está intimamente ligado com o factor da "experiência" e a capacidade de antecipação do praticante, ou seja, um guarda-redes com maior experiência consegue antecipar mais facilmente trajectórias de bola, deslocamentos dos adversários e colegas de equipa.

Velocidade de execução: Deslocamentos, reposições de bola, quedas, chamada para saltos….

A velocidade de execução deve ser "controlada". Por outras palavras, não se trata de executar o movimento muito depressa, mas correctamente e o mais rápido possível.

Capacidade de aceleração: Saídas da baliza…

Velocidade resistente: Capacidade de manter um nível elevado de velocidade de execução de acções decisivas, consoante cada situação que o jogo implica.

ALGUNS MEIOS DE TREINO DA VELOCIDADE

Gerais
• Estafetas
• Jogos que requerem alto nível de atenção e velocidade elevada de reacção e deslocamento
• Exercícios com alternância de ritmo
• Exercícios com bolas medicinais (peso<>
Especiais
• Exercícios técnico-tácticos com utilização de bolas mais leves / mais pequenas
• Exercícios com aparecimento repentino da bola (utilização de biombos)
• Exercícios com trajectória casual da bola
• Exercícios com limitação do espaço de acção
• Exercícios técnico-tácticos com velocidade elevada de execução e deslocamento
• Exercícios com utilização alternada de bolas pesadas (peso <>
Competitivos
Exercícios e/ou formas jogadas que simulem o contexto competitivo.

PRINCÍPIOS METODOLÓGICOS DO TREINO DE VELOCIDADE
• bom domínio da técnica dos exercícios de treino;
• principal método de treino utilizado é o método de repetições;
• intensidade máxima ou sub-máxima;
• pausas activas;
• realização no início da unidade de treino (sem fadiga e após aquecimento);
• alternância de exercícios executados a velocidade "controlada" e velocidade máxima;
• utilização de exercícios que pressionem temporalmente o praticante na percepção e análise da situação bem como na tomada de decisão sobre as acções a empreender;
• ligação íntima com o processo de aperfeiçoamento técnico-táctico;
• utilização de exercícios/actividades - estimuladoras da motivação do praticante .


Componente cognitiva processo de percepção e análise da informação; Tomada de decisão.
As insuficiências técnicas não podem condicionar a tomada de decisão.
Componente motora realização da acção motora.