quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Jogar fora da baliza



Perceber onde o guarda-redes deve estar durante a competição é de extrema importância. O guarda-redes não deve ser considerado um elemento isolado, mesmo que o seu treino seja diferente do resto da equipa. Este tem o seu papel durante o processo de ataque e defesa da equipa. Iremos mostrar a nossa ideia sobre o desempenho do guarda-redes durante ambos os processos.

A MECÂNICA DO ATAQUE E DA DEFESA

Perceber a natureza do processo de ataque e defesa da equipa, apresenta contornos fulcrais para o posicionamento do guarda-redes na sua grande área, ou fora dela. Há que perceber os momentos ideais de subir no terreno e, por conseguinte recuar até à linha de golo. Através destas acções o guarda-redes actua como um libero, ou seja, a posição que este assume proporcionará linhas de passe na saída para o ataque, mas também quando a linha defensiva se apresenta sobre pressão dos adversários.

SEGUIR O SENTIDO DE JOGO

Como já referimos em semanas anteriores, o guarda-redes de tipo A (antecipação) é aquele que acompanha constantemente o sentido de jogo dos seus colegas de equipa. Assim quando a equipa ataca a baliza adversária, o guarda-redes deve também avançar no terreno, proporcionando à equipa uma linha de passe adicional, mas também o posicionamento certo para evitar possíveis lançamentos de contra ataque do adversário.
Há que ter em atenção que o guarda-redes nunca deverá estar posicionado directamente atrás do último elemento da linha defensiva. O seu posicionamento deve ser sempre um pouco lateralizado, consoante o corredor lateral ou central onde a bola se encontre.

A presença de um guarda-redes tipo A, beneficia qualquer equipa. O treinador de guarda-redes deve promover a aprendizagem de várias acções técnicas e tácticas. Deve-se promover os exercícios de passe, recepções com várias partes do corpo, saídas de cabeça (em situações de bolas altas fora da área) e sobretudo as diferentes formas de reposição de bola. Basicamente o guarda-redes é o primeiro atacante e o último defesa. É o último a defender e o primeiro a lançar ataques.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Penalti



ANALISAR A SITUAÇÃO

É comum considerar-se o desempate por marcação de penaltis uma lotaria mas é bem mais que isso. A marcação de uma grande penalidade é o confronto entre o guarda-redes e o atacante numa das formas mais puras. A estatística diz-nos que o atacante tem uma larga vantagem neste confronto, afinal de contas o guarda-redes tem de defender uma área de quase 18m² e a bola está a apenas 11m da baliza. Mas com uma boa técnica e uma boa análise da situação, o guarda-redes pode aumentar bastante as suas hipóteses de sucesso.

Muitas vezes os jogadores que vão marcar o penalti tentam enganar o guarda-redes olhando para um lado e marcando para o outro. Há que desconfiar sempre que se vir o executante a olhar fixamente para um dos lados antes de bater o penalti pois isso normalmente significa que ele vai bater para o outro lado. Isso é tanto mais comum quando maior for a inexperiência do executante.

Relativamente à direcção da corrida, se o atacante abordar a bola de frente (perpendicular à linha de golo) poderá significar que a bola vai para o lado contrário do seu pé dominante pois é anatomicamente difícil nesse caso bater a bola para o lado contrário devido às óbvias limitações articulares do tornozelo. Se abordar a bola de uma forma muito angulada poderá significar que irá bater a bola para o lado do pé dominante. No entanto é importante referir que os bons executantes têm formas de contrariar estas tendências.

A posição do pé de apoio é um excelente indicador do local para onde a bola se irá dirigir... mas infelizmente o guarda-redes tem apenas uma fracção de segundo para analisar essa componente. Quando o pé de apoio está virado para o lado esquerdo (no caso de um executante destro) é sinal que a bola irá para a direita do guarda-redes, se o pé de apoio estiver virado para o meio ou para o lado contrário, a bola irá muito provavelmente para o lado esquerdo do guarda-redes.

No entanto, apesar de todos estes factores, é preciso muita experiência para conseguir ler o executante num espaço de tempo tão reduzido. Posso ainda dizer, a título pessoal assumindo por inteiro a responsabilidade desta afirmação, que pela minha experiência, os executantes destros tendem mais a bater os penaltis para a direita do guarda-redes e os esquerdinos tendem a bater para o lado esquerdo do guarda-redes, mas não é uma tendência tão evidente quanto isso portanto o melhor mesmo é analisar cada caso e treinar bastante estas situações.


TÉCNICA

Depois de tomada a decisão sobre para onde vai a bola, no acto da queda é muitíssimo importante reduzir o ângulo de remate ao máximo e como tal, a estirada deve ser feita para o lado e para a frente, sendo que o pé que irá ser responsável pela impulsão deverá ser direccionado na diagonal (o ideal será um ângulo de 45º com a linha de golo).

Em termos psicológicos, existem várias técnicas para distrair os atacantes, seja falar com eles antes da marcação ou movimentar-se ao longo da linha de golo de modo a confundi-lo ou persuadi-lo a alterar a sua decisão. Aqui vai depender muito do executante e do próprio guarda-redes. Este último, nos treinos, deve experimentar várias abordagens e ver qual funciona melhor no seu caso. Mais uma vez insisto neste ponto, é muito importante treinar estas situações, preferencialmente com jogadores de campo para perceber as suas tendências e os seus padrões de comportamento perante diferentes contextos.

Por fim, não podemos esquecer as capacidades físicas do guarda-redes, isto porque um guarda-redes que consiga ler o executante mas não tenha um bom poder de impulsão, dificilmente terá hipóteses de defender um penalti marcado por um bom executante (e normalmente, são os melhores executantes a marcar os penaltis, obviamente).

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Reposição



PONTAPÉS DE BALIZA

É cada vez mais importante que os guarda-redes consigam marcar bem os pontapés de baliza porque evita que um defesa tenha de descer à sua área desnecessariamente para o fazer, dando momentaneamente profundidade ao sector defensivo.

Há várias formas de bater os pontapés de baliza no entanto é o resultado que conta, ou seja, não a forma como se prepara para bater a bola mas sim para onde a bola vai. Este último aspecto já pode depender de objectivos estratégicos definidos pelo treinador.

Não existe uma fórmula mágica para bater pontapés de baliza, esta técnica desenvolve-se com o treino e como tal, é importante que os treinadores se preocupem com este aspecto. O que acontece na maioria das vezes é que os guarda-redes não treinam pontapés de baliza o que faz que eles não os marquem bem, implicando que um defesa se encarregue disso nos jogos, ou seja, o guarda-redes durante toda a semana não bate um único pontapé de baliza o que vai fazer com que nunca melhore a sua técnica.


TÉCNICA

Antes de mais, o pontapé de baliza não deve ser batido de uma forma displicente com o único objectivo de colocar a bola o mais longe possível da nossa baliza. É preciso que tenha um objectivo estratégico e como tal, o guarda-redes deve-se preocupar com a precisão do pontapé. Assim sendo, o guarda-redes deve visualizar o lance antes de partir para o pontapé de baliza, deve saber para que jogador da sua equipa a bola deve ir, deve imaginar um pontapé de baliza batido na perfeição. A visualização é uma técnica psicológica muito eficaz não só para os pontapés de baliza mas para todos os lances de bola parada (esquemas tácticos). Consiste em ver (ou imaginar) o pontapé, antes de o executarmos, bem sucedido (imagética).

O guarda-redes deve acertar na parte inferior da bola, numa linha imaginária que divide a bola ao meio e é perpendicular ao solo. O pé de apoio deve estar ao lado da bola no momento do pontapé e o tronco deve estar ligeiramente inclinado para trás para permitir que a bola ganhe altura mais facilmente.

Todo este movimento deve ser fluído e é aqui que o treino assume um papel preponderante pois com a prática este movimento torna-se natural, melhorando naturalmente a eficácia da sua execução.


BOLAS BOMBEADAS

Esta reposição é feita com o pé após o guarda-redes recolher a bola com as mãos na sua grande área. Esta técnica consiste em bater a bola numa linha recta até ao jogador alvo e normalmente é caracterizada pela grande altura que a bola atinge na fase aérea. Pode ser utilizada para permitir que a sua equipa tenha tempo de se reorganizar mas é pouco eficaz quando a equipa adversária tem uma média de alturas superior à nossa equipa.


REPOSIÇÃO EM VOLEI



Esta técnica é cada vez mais utilizada pelos guarda-redes devido à sua enorme eficácia e precisão em lances de contra-ataque ou ataque rápido. No entanto é também a técnica mais difícil de reposição de bola. Consiste em largar a bola com uma mão e pontapear com o pé contrário batendo de lado na bola (quase como um 'pontapé à meia volta'). Esta técnica é bastante usada pelos guarda-redes sul-americanos e traz sempre muitas vantagens ofensivas à própria equipa. Estas bolas são caracterizadas por terem uma trajectória não muito alta mas longa e rápida.


REPOSIÇÃO COM AS MÃOS (RASTEIRA)

Esta técnica faz lembrar um lançamento no bowling. Serve para fazer reposições rápidas e a curtas distâncias. O guarda-redes deve baixar o corpo para poder fazer o lançamento ao nível do solo, utilizando a mão bem aberta e o pulso flectido para controlar a direcção da bola. É importante que a bola não ressalte no chão para facilitar a recepção do colega de equipa portanto a bola deve sair o mais próximo do solo possível.


REPOSIÇÃO COM AS MÃOS (ALTA)

Neste tipo de reposição, costuma usar-se o braço que está livre para 'apontar' para o local onde se quer colocar a bola e o outro braço deve passar por cima da cabeça, com o cotovelo em extensão, largando a bola exactamente por cima da cabeça (para bolas longas) ou um pouco mais à frente (para distâncias mais curtas).


Os guarda-redes modernos têm de dominar todas as técnicas de reposição da bola devido à maior (e crescente) velocidade que o futebol tem nos dias de hoje. O guarda-redes é cada vez mais um jogador activo no processo ofensivo da equipa e estas técnicas têm um papel cada vez mais importante no repertório técnico do guarda-redes.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Posicionamento / Comando da Área



A prática na defesa de remates é fundamental no desenvolvimento de qualquer guarda-redes. O remate de vários ângulos, direcções e contextos, deve ser enfatizado no processo de treino. O guarda-redes jovem necessita de um processo de treino que promova a adaptação. A prática da defesa de remates reforça a estimulação da orientação espacial do guarda-redes, conseguindo este adaptar-se às várias situações em que ocorre o remate.

CANTOS
É neste tipo de lances que uma equipa pode virar o resultado de um jogo. É por isto que um guarda-redes deve ter um bom comando sobre os seus colegas da defesa. Posicionar correctamente os colegas ajuda em muito o trabalho de defender a baliza.
Outro ponto fulcral é o posicionamento do guarda-redes em situações de cruzamento de bolas. Para isto, a colocação de jogadores (laterais) junto aos postes, possibilita uma maior liberdade ao guarda-redes para atacar a bola, ou seja, não o acréscimo de preocupação na cobertura dos ângulos cobertos pelos jogadores junto aos postes.
Os guarda-redes devem lembrar-se que estando totalmente paralelos à linha de golo não beneficiam dessa posição para os deslocamentos de ataque à bola. Devem estar então, um pouco na diagonal com a linha de golo (entre 30º e 45º)


LINHA DE GOLO E PEQUENA ÁREA
Estando posicionado um pouco mais à frente da linha de golo, permite ao guarda-redes atacar a bola mais eficazmente. Com o corpo no ângulo anteriormente descrito, permitirá manter os olhos na bola, o que aliado a ter sempre um raio de visão aberto e desimpedido e os ângulos todos cobertos, facilita a permanência da baliza inviolável.
Em situações de cantos, quando a bola é cruzado para próximo da barra, o ideal é tocar a bola para cima desta. Nestes casos a velocidade de reacção complexa assume especial papel.
Após a bola ser cortada, o guarda-redes deve motivar os colegas a saírem da grande área para tentar novo ataque e evitar nova tentativa de ataque adversário.


GRANDE ÁREA
De forma semelhante ao que foi descrito em cima, a grande área deve ser defendida de forma semelhante.

LIVRES
Nos livres directos os guarda-redes põe em prática todas as suas habilidades. Posicionamento, trabalho de pés e comunicação são os componentes chave de uma situação de livre directo.
1º o guarda-redes deve posicionar os colegas para tentar travar o ataque ou remate. Aqui a comunicação é fundamental.

Quantos elementos na barreira?
Livre directo ou indirecto?
O posicionamento está correcto?


Deixamos as respostas às perguntas para os treinadores e guarda-redes, pois cada um tem a sua forma de pensar o processo de treino, assim como cada guarda-redes tem a sua forma de ver o jogo ou lance.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Visualização e comunicação


Durante 90 minutos de actividade, a mente de um guarda-redes está constantemente a criar novos cenários. Por vezes, a falta de actividade durante um jogo leva o guarda-redes a perder-se, muitas vezes com “a cabeça na lua”, o que poderá resultar em golo. É por isto que os guarda-redes têm de ser fortes mentalmente.
Um guarda-redes que não está mentalmente preparado, pode deitar por terra todo o treino físico que teve. É necessário que o guarda-redes esteja atento e concentrado durante os 90minutos de jogo, bem como durante o treino específico.

Dever do treinador e dos jogadores de campo… Pensamento Positivo

Pensamentos negativos e culpar o companheiro em algum tipo de lance, provocará resultados negativos dentro de campo. O guarda-redes é o único com uma visão ampla sobre o jogo, no entanto os seus erros são muitas vezes, ou quase sempre exagerados.
O espírito de grupo é fundamental, mas não tanto como o feedback positivo durante os treinos. Para um guarda-redes, é frustrante ouvir o seu treinador acusá-lo de errar, mas nada pior que essa acusação seja feita à frente de toda a equipa. As correcções devem ser feitas de forma moderada, dentro do grupo de treino em que os guarda-redes estejam inseridos, caso contrário estes poderão perder a credibilidade e a confiança por parte dos colegas de campo.
Qualquer um que aja de modo ofensivo para com os colegas ou não apoie o seu guarda-redes, deve ser reprimido em privado.
Nós, como treinadores, devemos compreender que criar maus hábitos e/ou conotações negativas é o princípio para o desmoronamento de uma equipa. Então, criar disciplina para o sucesso da equipa.


Técnicas para pensamento positivo e visualização
No caso do treino de jovens guarda-redes, não deveremos dizer “não” ou “fizeste isto mal”, em algum tipo de exercício ou jogo. O reforço positivo é fundamental, tal como “Excelente, vamos tentar fazer ainda melhor”
A palavra “não” traz consigo uma atitude negativa, que pode levar o guarda-redes a pensar que não consegue realizar um exercício correctamente.

Diário de treino e sugestões mentais
O diário de treino é uma boa forma de o guarda-redes tirar notas baseando-se em como se sentiu no treino (fadiga, ambiente positivo, forte, etc). Um diário poderá ser útil para apontar as actividades diárias, nutrição e até aspectos do jogo que um treinador poderá deixar passar. Neste diário de treino devem também ser incluídos vários objectivos, para os quais o guarda-redes trabalhará de forma a os atingir.
Deve-se criar um conjunto de palavras positivas para se ir lembrando durante os treinos e jogos, visando reforçar positivamente o ambiente de treino e sobretudo combater a possível frustração.
As sugestões mentais são importantes sobretudo para os jogos. Estas podem ser uma palavra, um som, um movimento, que leve o subconsciente a retornar a uma imagem positiva.
Através destas sugestões mentais, o guarda-redes poderá antecipar de forma favorável diversos lances do jogo, obtendo dessa forma vantagem sobre o adversário.

Comunicação
O guarda-redes deve expressar-se de forma audível e concisa durante os jogos, para que os seus colegas de campo o compreendam. Defender uma baliza requer um bom comando dos companheiros da defesa e a capacidade de comunicar a sua percepção do jogo.

A comunicação assume um papel fundamental nas seguintes situações:


- Cantos
- Livres
- Pontapés de baliza
- Posicionamento dos companheiros dentro da grande área.


Como é óbvio a lista não fica por aqui. Deixamos a cada treinador, através da sua percepção do treino e jogo, a conclusão desta lista.