quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Quedas

Realizar uma queda é uma experiência fantástica. É fantástico ver um guarda-redes voar para defender uma bola. O tempo de queda é fundamental, para além de um excelente trabalho de pés, aliado a uma boa potência muscular. Com um bom timming de queda, podemos gerar uma boa potência muscular para voar para a bola. A queda para a bola é, portanto, um bom sinal da potência muscular de um guarda-redes. É a soma das diferentes técnicas de queda, resultando num voo para atacar a bola e proteger a baliza.

QUEDAS RASTEIRAS
Numa queda rasteira, os guarda-redes tendem a usar as mãos para se levantarem rapidamente. Esta é uma boa técnica para o caso de o guarda-redes ter de realizar duas defesas seguidas (ao primeiro remate e ao ressalto de bola), em situações de 1x1.
É então necessário fazer com que a força seja conduzida para a frente do corpo, forçando as pernas a curvarem-se. Quando a bola estiver segura, o guarda-redes levanta-se, ajudado pela força criada pela perna que fica por cima, até à posição base. Exemplo: caindo para o lado esquerdo, a perna direita deverá ficar um pouco afastada da perna esquerda. Quando o guarda-redes se quiser levantar deverá empurrar rapidamente a perna direita para baixo, criando uma força que o permitirá levantar mais facilmente.
QUEDAS COM DESLIZAMENTO
Com esta queda, a bola é atacada junto ao chão. É normalmente utilizada em situações de 1x1, em que o avançado entra na área com uma velocidade elevada. O guarda-redes deslocar-se-á para a frente, mantendo o corpo centrado com a bola, deslizando para atacar a bola aos pés do avançado.


QUEDAS PARA A FRENTE
A queda para a frente acontece quando a bola é rematada à figura do guarda-redes. Esta não é necessariamente uma queda, mas sim uma boa colocação do corpo. O guarda-redes deverá colocar um joelho no chão, permanecendo a perna contrária flectida a 90 graus com o pé assente no chão. Assim que o guarda-redes tiver a bola segura nos seus braços, deverá colocar o peso do seu corpo sobre a bola, criando uma protecção extra.


ANATOMIA DA QUEDA
1- Posição base onde o guarda-redes está pronto e atento ao ataque
2- Trabalho de pés, utilizando 1 ou 2 passos laterais, seguidos de uma boa impulsão, que levará…
3- Ao voo e…
4- Aterragem;

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Socar a Bola



A decisão de socar a bola deve ser tomada apenas como último recurso pois é sempre preferível o guarda-redes agarrar a bola dado que é uma forma eficaz de a equipa recuperar a posse da mesma, no entanto, há situações em que é bastante arriscado tentar agarrar a bola, principalmente quando a bola vem com muita força ou em cruzamentos para locais onde estão vários jogadores adversários e é nessas situações (entre outras) que o guarda-redes deve socar a bola.

Primeiro vamos falar de como se devem ter as mãos ao socar a bola. O punho deve estar obviamente fechado mas os polegares devem estar sempre ao lado do dedo indicador e nunca dentro dos restantes dedos. Uma boa forma de saber se o polegar está bem colocado, é socar o chão. Se ao fazê-lo, sentir alguma dor é porque a posição dos dedos está errada. É importante que a base do punho com a qual se vai socar a bola seja uma superfície o mais plana possível de modo a controlar melhor o local para onde a bola irá depois de a socar.

O ideal será sempre socar a bola com os dois punhos pois estaremos a utilizar uma cadeia cinética com um maior número de músculos e assim a bola irá (se a técnica for bem utilizada) obviamente mais longe sendo esse o objectivo ao socar uma bola. Outra vantagem de socar a bola com os dois punhos é que a superfície de contacto com a bola é maior e assim há menos probabilidades de falhar a bola.

Mas existem situações em que não é possível usar os dois punhos sendo que socar a bola com uma mão é a única solução. Isto acontece muito em cruzamentos para a área com a bola muito puxada para fora do alcance do guarda-redes. Nestas situações há que ter em atenção um aspecto importante. Quanto mais se puxar o braço atrás para depois socar a bola, mais longe esta irá depois do contacto mas também será maior a probabilidade de falhar a bola e deixá-la à mercê do atacante. Por causa disto, é de extrema importância treinar muito estas situações.

Ao treinar situações em que os guarda-redes devem socar a bola, deve-se dar primazia à técnica e depois, quando a técnica estiver dominada, insistir na força / impulso da acção de modo a conseguir socar a bola de forma a que esta vá o mais longe possível.

Os cruzamentos são provavelmente a acção mais difícil para o guarda-redes pois dependem de inúmeros factores e eles têm de fazer inúmeros ‘cálculos’ mentais para tentar saber a trajectória da bola, altura da bola, onde deve saltar, quantos adversários tem à sua volta, se dá para agarrar ou não, se dá para socar com dois punhos ou só com um, etc. Isto é ainda mais importante no futebol moderno onde os esquemas tácticos assumem uma importância vital nos jogos onde vemos cada vez mais golos originados através de cantos ou livres laterais.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Cobertura dos Ângulos de Remate




Compreender os ângulos de remate à baliza por parte do guarda-redes é bastante importante para que estes se posicionem sempre em locais vantajosos de forma a defenderem ou atacarem a bola de uma forma mais económica.

Em termos tácticos, seja em que sistema for, o guarda-redes é sempre o último homem da defesa e está constantemente o ponto central da sua defesa. Ele deve sempre seguir o movimento da sua defesa, em função da bola, sendo um membro activo e em constante movimento. Também é importante que se mantenha sempre à frente da linha de golo, pois desta forma o seu raio de acção cobre uma maior área de baliza. Este ponto aplica-se tanto a guarda-redes altos como baixos, pois o princípio é o mesmo.

Em todos os momentos da fase ofensiva da equipa adversária, o guarda-redes deve estar de frente para a bola, ou seja, o seu corpo deve estar perpendicular com a bola para que esteja sempre pronto a defender um eventual remate para qualquer um dos lados.

Em situações de 1 x 1 (atacante vs guarda-redes), este último deve sair da sua baliza para fechar o ângulo de remate de uma forma rápida mas equilibrada. No entanto, deve ter em conta a distância do atacante da baliza. Uma saída da baliza demasiado cedo pode ter resultados negativos neste tipo de situações. Enquanto o atacante se aproxima da baliza, o guarda-redes deve sempre estar atento às suas acções e procurar o momento em que este adianta em demasia a bola e quando isso acontecer, sair o mais rápido possível da baliza com um único objectivo: agarrar a bola! Se tal não acontecer, é importante que o guarda-redes mantenha a sua posição até o atacante entrar na área, neste momento, o guarda-redes deve sair-se o mais rápido possível até estar a cerca de 4 metros do atacante sendo que neste momento deve abrandar e evitar a todo o custo cair no chão porque assim que o guarda-redes cai, o avançado fica com mais opções de remate e drible, tornando-se mais fácil e seguro fazer o golo. Ao manter-se na sua posição base fundamental, o guarda-redes obriga o atacante a tomar uma decisão, algo que em situações de grande pressão como são os casos de um avançado de frente a frente com o guarda-redes, pode significar uma má decisão ou uma má execução.

Acima referimos alguns exemplos de situação de 1 x 1 e como é óbvio, não se aplicam a todas as situações. Se quisermos ser mais minuciosos, então é preciso ter em conta factores como as condições climatéricas, estado do terreno, velocidade do atacante, velocidade do guarda-redes, posicionamento da defesa, etc. mas há duas regras que se devem aplicar sempre:

► Nunca se deve hesitar! Assim que o guarda-redes decide sair para ganhar uma bola, já não há volta a dar. A hesitação pode deixar o guarda-redes a meio caminho e dessa forma, facilitar de sobremaneira a acção do atacante.

► Sempre que o guarda-redes cair para defender uma bola, deve cair para a frente, nunca para trás. Cair para a frente fecha mais rapidamente e de forma mais eficaz o ângulo de remate e mesmo que o guarda-redes não agarre a bola, é menos provável que esta se dirija na direcção da baliza.

Queremos ainda referir que a questão dos ângulos de remate não se resumem a situações de 1 x 1 porque com a defesa organizada e a outra equipa a utilizar um ataque posicional, também é preciso ter esta preocupação porque a qualquer momento pode surgir um remate e o guarda-redes tem de estar em todos os momentos pronto para defender a bola, isto significa que deve estar constantemente a reduzir o ângulo de remate ao máximo.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Trabalho de Pés



O trabalho de pés é considerado um aspecto básico no treino de guarda-redes e por básico não quero dizer simples, quero dizer que é um aspecto que deve servir de base a todas as acções técnicas do guarda-redes sendo que é uma área de extrema importância no treino. O trabalho de pés serve para o guarda-redes se movimentar de uma forma rápida, segura e eficiente de forma a conseguir o melhor posicionamento, o mais rápido possível para poder aumentar as suas hipóteses de defender a bola, e é também importante para as estiradas de forma a optimizar a impulsão e, assim, fazer com que o guarda-redes chegue mais longe.

O trabalho de pés também é importante para que se mantenha sempre o corpo em equilíbrio. São de evitar quaisquer situações em que um guarda-redes seja apanhado em ‘contra-pé’ pois limita à partida as possibilidades de defesa. Através de uma boa eficiência a nível das deslocações, o guarda-redes consegue manter o seu equilíbrio e assim estar melhor preparado para defender uma bola, seja em que circunstância for.

Nos deslocamentos do guarda-redes, em acção defensiva, deve ser feito através de passos curtos, rápidos e fluidos. Devem ser curtos de modo a que o equilíbrio seja mantido, quanto mais longo for o passo, mais tempo o guarda-redes leva a recuperar a posição base fundamental, logo, mais tempo ele demora a estar pronto a defender uma bola. Devem ser rápidos para que o seu posicionamento óptimo seja conseguido o mais depressa possível e também porque, uma acção atempada ajuda a que o guarda-redes esteja mais concentrado no jogo para além de que os movimentos curtos e rápidos ajudam o músculo a estar mais apto a um gesto mais explosivo (como uma estirada por exemplo) através da somação de estímulos nervosos. Aqui, a palavra fluido significa que os passos sejam feitos rente ao solo, pois quanto mais próximos os pés estiverem do solo, obviamente que mais rápida será a reacção do guarda-redes a uma acção inesperada do adversário.
Também é muito importante que os deslocamentos do guarda-redes sejam feitos com uma ligeira flexão dorsal do pé, isto quer dizer que o guarda-redes deve estar apoiado mais nos dedos dos pés e não nos calcanhares, isto para que esteja mais pronto a mudar de direcção (também os velocistas correm em bicos dos pés para conseguir uma maior aceleração e consequente velocidade máxima).
Nos movimentos laterais, não se deve cruzar as pernas, excepto quando se tem de fazer um grande deslocamento num curto espaço de tempo (digamos ir de um poste ao outro para defender um remate que foi feito). Em todas as outras situações, é de evitar cruzar as pernas porque para além de o guarda-redes correr o risco de tropeçar nele próprio, também está a rodar ligeiramente o tronco de forma a não ficar perpendicular com a bola e faz com que perca o equilíbrio e velocidade de reacção.

Os guarda-redes devem ter em mente que um bom guarda-redes não é aquele que faz voos espectaculares onde defende bolas quase impossíveis mas sim aquele que não precisa sequer de se atirar para o lado para defender pois consegues estar no local exacto através de um bom posicionamento (que deriva de um bom trabalho de pés). Claro que nenhum guarda-redes consegue evitar sempre uma estirada para defender uma bola só através de um bom posicionamento, também por mérito dos atacantes adversários, mas pode sempre evitar muitas quedas.