quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Comunicação II


É mais que uma certeza o facto de a comunicação ser um requisito para qualquer guarda-redes mas parece que ainda não se dá a devida importância a essa qualidade.

É preciso que se perceba que a comunicação se deve treinar mas não num treino descontextualizado do resto da equipa. A comunicação serve para interligar as acções do guarda-redes com o sector defensivo da equipa para que toda a equipa trabalhe de forma harmoniosa durante a fase defensiva.

Muitas vezes os guarda-redes têm uma excelente leitura de jogo e conseguem comunicar atempadamente o que pretendem aos seus colegas, no entanto coloca-se um problema que é o tipo de linguagem que se usa. Embora haja muitas acções cuja comunicação é feita da mesma forma em quase todas as equipas, há muitos casos em que a linguagem usada muda de equipa para equipa e por vezes há esse desentendimento entre o guarda-redes e a sua defesa. E se acontecer um golo devido a esse desentendimento, de quem é a culpa? Do guarda-redes ou dos defesas? A culpa tem de ser assumida pelo treinador que não se preocupou em trabalhar estes aspectos.
Há várias formas de treinar a comunicação entre o guarda-redes e os seus defesas mas aquela que me parece a forma mais produtiva são os exercícios de sectores onde existem várias situações de ataque à linha defensiva dando oportunidade dos guarda-redes (convém que tanto o titular como o suplente, nos casos em que se verifique esta distinção, estejam à vontade na relação com a sua linha defensiva) comuniquem frequentemente com a sua defesa, para que estes se habituem às suas indicações.

Relativamente à comunicação em si, vai sempre depender do que é (ou deve ser) estabelecido na equipa pelo treinador em consonância com os seus jogadores, no entanto há algumas regras básicas que devem ser sempre seguidas pelo guarda-redes nas suas intervenções verbais que são:
- ser breve (o objectivo não é ter uma conversa com o colega de equipa mas sim dar-lhe rápidas indicações sobre o que se está a passar e o que este deve fazer)
- ser objectivo (em acção defensiva, não há tempo para suposições ou advinhas, a informação deve ser dada de forma a que o defesa saiba exactamente o que o guarda-redes quis transmitir)

Há ainda uma outra regra que eu defendo mas no entanto pode ser alvo de contra-senso para outros treinadores. Na minha opinião, o guarda-redes não deve estar sempre a comunicar com os seus colegas, ou seja, não deve exagerar na quantidade da informação porque corre o risco de os defesas se habituarem ao ‘barulho de fundo’ que são as suas indicações e deixarem de tomar a atenção necessária ao que é dito. Acho que o guarda-redes deve só intervir quando é necessário evitando a tentação de relatar tudo o que se passa, situações que muitas vezes estão completamente controladas pelos defesas.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Feliz Natal

Desejamos um feliz Natal e um bom ano de 2010 a todos os leitores
Continuação de bons treinos

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Feedback


Este texto é mais para os treinadores que para os próprios guarda-redes. Tenho visto ao longo do tempo as interacções dos treinadores com os seus jogadores, nomeadamente quando estes últimos cometem algum erro e a forma como os treinadores costumam lidar com os erros dos guarda-redes é de facto preocupante.

Esta posição específica, dependendo das qualidades mentais do jogador, é muito susceptível a crises de confiança e está sobre grande pressão durante os jogos. Um simples erro inofensivo pode significar numa perda de confiança que irá afectar directamente a performance posterior do guarda-redes no jogo, e essa perda de confiança é muitas vezes amplificada pelos treinadores, com críticas destrutivas. Muitos dos erros que os guarda-redes cometem são justificáveis, não só pela falta de treino específico mas também pelo próprio contexto do jogo mas são poucos os treinadores que compreendem essa posição e têm muitas dificuldades em conter o seu descontentamento. Este problema aumenta quando as críticas do treinador se alastram aos jogadores criando uma reacção em cadeia que irá destruir a confiança do guarda-redes. Se a isto tudo, juntarmos a reacção do público e dos adversários, podemos ver o ‘inferno’ que se torna defender uma baliza depois disto tudo.

É preciso que o treinador tenha consciência que nenhum treino no mundo é melhor que a própria experiência competitiva e os erros são das melhores formas de o guarda-redes aprender e evoluir. Se falarmos da formação, os erros dos guarda-redes devem ser vistos como excelentes oportunidades de o fazer crescer tanto técnica como mentalmente e para isso é preciso paciência. Infelizmente, esta paciência pode tornar-se num paradoxo numa realidade onde os resultados são a única coisa que interessa, seja em que idades for...

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Métodos de Treino




Método Analítico (por capacidades)

Método Global (em competição)


Método Analítico

aprendizagem isolada do gesto técnico em condições facilitadas;

focalização da atenção na execução biomecanicamente correcta;

aumento progressivo das condições de execução do gesto.


Vantagens:

mais rápida aquisição do gesto correcto;

mais fácil a organização da sessão de treino e dos praticantes no treino;

mais fácil o controlo de aprendizagem.


Desvantagens:

domínio rígido do gesto

melhorias separadas do contexto, difícil transfer para o jogo;

conhecimentos reduzidos acerca do jogo;

monotonia.



Método Global

aprendizagem dos elementos num ambiente táctico

dá preferência à compreensão táctica do jogo;

os gestos técnicos a aprender surgem das situações tácticas que solicitam a sua utilização.


Vantagens:

especificidade;

formação do conhecimento sobre o jogo que permite atingir o êxito mais depressa (eficiência);

desenvolvimento do pensamento táctico

condições mais diversificadas e motivadoras do treino.


Desvantagens:

dificulta o controlo de aprendizagem;

aquisição do gesto correcto mais lenta;

complexidade na determinação das cargas.



Exercício como meio principal de treino

Componentes do exercício que permitem variar a sua complexidade

Tarefas fechadas

- Corpo (estático ou dinâmico)

- Bola (controlada ou a controlar)

• Velocidade;

• Precisão;

Distância;

Trajectória;

Sequência de movimentos.

Tarefas abertas

nº de estímulos (colegas, adversários, bolas);

dimensão espacial;

tempo disponível;

nível de oposição

esforço físico (nível da fadiga).

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Formas de velocidade no treino de guarda-redes




Tempo de reacção complexo: Resposta aos estímulos (auditivos e visuais) que o jogo apresenta:
• Trajectórias da bola
• Acções dos colegas, adversários, árbitros

O tempo de reacção está intimamente ligado com o factor da "experiência" e a capacidade de antecipação do praticante, ou seja, um guarda-redes com maior experiência consegue antecipar mais facilmente trajectórias de bola, deslocamentos dos adversários e colegas de equipa.

Velocidade de execução: Deslocamentos, reposições de bola, quedas, chamada para saltos….

A velocidade de execução deve ser "controlada". Por outras palavras, não se trata de executar o movimento muito depressa, mas correctamente e o mais rápido possível.

Capacidade de aceleração: Saídas da baliza…

Velocidade resistente: Capacidade de manter um nível elevado de velocidade de execução de acções decisivas, consoante cada situação que o jogo implica.

ALGUNS MEIOS DE TREINO DA VELOCIDADE

Gerais
• Estafetas
• Jogos que requerem alto nível de atenção e velocidade elevada de reacção e deslocamento
• Exercícios com alternância de ritmo
• Exercícios com bolas medicinais (peso<>
Especiais
• Exercícios técnico-tácticos com utilização de bolas mais leves / mais pequenas
• Exercícios com aparecimento repentino da bola (utilização de biombos)
• Exercícios com trajectória casual da bola
• Exercícios com limitação do espaço de acção
• Exercícios técnico-tácticos com velocidade elevada de execução e deslocamento
• Exercícios com utilização alternada de bolas pesadas (peso <>
Competitivos
Exercícios e/ou formas jogadas que simulem o contexto competitivo.

PRINCÍPIOS METODOLÓGICOS DO TREINO DE VELOCIDADE
• bom domínio da técnica dos exercícios de treino;
• principal método de treino utilizado é o método de repetições;
• intensidade máxima ou sub-máxima;
• pausas activas;
• realização no início da unidade de treino (sem fadiga e após aquecimento);
• alternância de exercícios executados a velocidade "controlada" e velocidade máxima;
• utilização de exercícios que pressionem temporalmente o praticante na percepção e análise da situação bem como na tomada de decisão sobre as acções a empreender;
• ligação íntima com o processo de aperfeiçoamento técnico-táctico;
• utilização de exercícios/actividades - estimuladoras da motivação do praticante .


Componente cognitiva processo de percepção e análise da informação; Tomada de decisão.
As insuficiências técnicas não podem condicionar a tomada de decisão.
Componente motora realização da acção motora.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Recuperação



Muitas das acções dos guarda-redes são isoladas, são poucas as vezes que estes têm de intervir sobre a bola mais que uma vez num curto espaço de tempo mas quando chega esse momento, o guarda-redes tem de responder da melhor forma possível e isso requer uma rápida recuperação para a posição mais favorável para fazer a segunda defesa.

Como todos os aspectos técnicos do guarda-redes, a recuperação tem de ser trabalhada nos treinos mas não só em termos técnicos mas também em termos de atitude. O guarda-redes tem de apresentar uma postura assertiva nestes momentos e deve estar sempre mentalmente preparado para defender mais que uma bola quando não conseguir segurá-la à primeira. Um erro cometido por muitos guarda-redes, principalmente a nível amador e nas camadas jovens, é que ao defender uma bola, ficam ‘agarrados’ a essa defesa, ou seja, desligam-se do jogo porque pensam que a baliza está fora de perigo ou até mesmo porque ficam deslumbrados com a defesa que acabaram de fazer. Por tudo isto, é muito importante incutir uma mentalidade combativa aos guarda-redes desde muito cedo, a ideia de que a baliza só está fora de perigo quando a bola estiver nas suas mãos.

Em termos técnicos, existem várias formas de um guarda-redes se levantar rapidamente depois de uma defesa. Na nossa opinião, o guarda-redes tem de ter em mente dois aspectos fundamentais. Primeiro, virar-se para a bola o mais depressa possível, todo o movimento deve ser feito com o objectivo de colocar o corpo direccionado para a bola o mais depressa possível. O segundo aspecto prende-se com as mãos, estas devem estar sempre disponíveis para defender uma segunda bola e como tal, o guarda-redes não deve usar as mãos para se levantarem pois se o fizerem, estas ficam momentaneamente indisponíveis para parar a bola caso esta se dirija na sua direcção.

Esta técnica requer muita agilidade e força ao nível do tronco e membros inferiores sendo que é um aspecto que deve ser tido em conta no planeamento do microciclo tipo.
É difícil fazer com que um guarda-redes se levante desta forma pelo que se deve exigir que este se levante dessa forma em todas as situações para que assim o movimento se torne natural e desta forma, estamos também a trabalhar a força específica deste movimento sem ter de recorrer a trabalho de força analítico.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Aquecimento para o jogo



No aquecimento para um jogo, o ponto mais importante e que pode servir como linha orientadora para a criação de vários exercícios é a especificidade do jogo. É preciso saber exactamente o que o guarda-redes faz no jogo. Esta pequena reflexão pode parecer um processo simples, senão vejamos, o guarda-redes é o último jogador antes da baliza e como tal, ele está lá para defender remates, para interceptar cruzamentos e fazer reposições na primeira fase de construção do jogo. Se tivermos isto em conta, então elaborar um plano de aquecimento para o guarda-redes é bastante simples, fazem-se uns remates, uns cruzamentos e coloca-se o guarda-redes suplente no meio campo para receber as bolas bombeadas pelo guarda-redes titular.

No entanto a especificidade do jogo no que diz respeito às acções dos guarda-redes vai muito mais além daquelas que são denominadas as acções técnicas básicas. Apesar de isto não ter de ser necessariamente a primeira coisa a fazer num aquecimento, vejamos o caso da defesa de remates. A primeira pergunta que se deve fazer é: de onde são feitos os remates? Esta resposta pode inclusive ser feita ao próprio guarda-redes com quem se está a trabalhar ou então basta ver os resumos de todos os jogos do campeonato até então para se poder ter uma estimativa (isto é mais complicado no caso dos campeonatos distritais ou da formação, sendo que aí se terá de guiar pela experiência embora os dados não devam variar de forma muito drástica). Normalmente, os remates que são feitos mais próximos do guarda-redes são feitos entre o corredor central e o corredor lateral (remates cruzados) e os remates do corredor central surgem normalmente de fora da área, desta forma, parece não ter lógica dar tanta importância aos remates centrais como os laterais a curta distância. Estes remates dizem respeito àqueles que são feitos após condução de bola / drible pois os remates de primeira que surgem após um passe de um companheiro já tenderão mais logicamente para o corredor central numa zona mais próxima da baliza. Mas o facto de ter feito esta distinção deve-se ao facto de a acção do guarda-redes ser diferente em ambos. No remate após condução de bola, o guarda-redes encontra-se constantemente enquadrado com a bola, nos outros, este tem de se reposicionar rapidamente de forma a enquadra-se com a bola e a fechar o maior ângulo possível para a baliza. Assim sendo, deverá tentar-se reproduzir este contexto da forma mais próxima do jogo possível, sendo um ponto importante o facto de não dizer ao guarda-redes para onde irá a bola, embora deva haver um equilíbrio entre as quedas laterais por exemplo, será o treinador de guarda-redes a gerir esse mesmo equilíbrio deixando sempre o guarda-redes na expectativa. Não quero com isto dizer que não se possa fazer um exercício ‘padronizado’ onde o guarda-redes defende bolas em queda sabendo de antemão para que lado esta vai (até é importante quando o guarda-redes se encontra num piso diferente daquele a que está habituado), só não acho que estes exercícios devam assumir um papel preponderante no aquecimento.

Outro ponto importante, que poderá ter a ver com os cruzamentos e as reposições é o modelo de jogo da equipa adversária e da própria equipa. Quanto aos cruzamentos, há equipas que optam mais pelo jogo central e nesses jogos poderá não se dar tanta importância aos cruzamentos e mais aos remates e às saídas da baliza, depois há equipas que cruzam mais do ¾ de campo, outras que cruzem mais da linha de fundo e tudo isso deverá ser tido em conta. Também o modelo de jogo da nossa própria equipa pode influenciar a zona da nossa defesa onde os adversários têm mais probabilidades de poder cruzar para a área e tudo isso deverá ser tido em conta. Quanto às reposições, vão depender obviamente do modelo de jogo da equipa, mais concretamente da sua primeira fase de construção e das transições ofensivas, pelo que os exercícios de aquecimento devem ser construídos de forma a serem direccionados para a forma de jogar da equipa.

Por fim, vou falar da especificidade do esforço realizado pelo guarda-redes. Embora pareça estranho para muitos, ainda existem treinadores de guarda-redes que insistem naquelas sequências de 8 remates seguidos para um lado ou para ambos os lados alternadamente, deixando os guarda-redes de rastos. Só em casos absolutamente excepcionais é que o guarda-redes defende mais de 3 remates seguidos e não tendo eu visto nenhum estudo acerca do assunto, arrisco-me a avançar com um dado estatístico inferior a 1% desses casos de entre as acções do guarda-redes. Desta forma, ao realizar exercícios que consistem em defesas de vários remates sem repouso, está-se a solicitar uma fonte energética que não aquela utilizada pelo guarda-redes durante o jogo, ou seja, não se está a trabalhar em conformidade para com especificidade com o jogo.

Os exemplos acima expostos são apenas isso, exemplos. Não pretendo que quem está a ler isto veja o texto como uma receita, mas sim que faça uma reflexão sobre as ideias expostas e que tentar levar os exercícios (não só de aquecimento mas também de todo o microciclo) para aquilo que se passa no jogo.

Apesar de ter falado apenas dos remates, cruzamentos e reposições, é preciso dizer que há muitas mais acções técnico-tácticas que devem ser feitas nos aquecimentos como por exemplo os atrasos ao guarda-redes, algo que também deverá estar em conformidade com o modelo de jogo da própria equipa e da equipa adversária.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Jogar fora da baliza



Perceber onde o guarda-redes deve estar durante a competição é de extrema importância. O guarda-redes não deve ser considerado um elemento isolado, mesmo que o seu treino seja diferente do resto da equipa. Este tem o seu papel durante o processo de ataque e defesa da equipa. Iremos mostrar a nossa ideia sobre o desempenho do guarda-redes durante ambos os processos.

A MECÂNICA DO ATAQUE E DA DEFESA

Perceber a natureza do processo de ataque e defesa da equipa, apresenta contornos fulcrais para o posicionamento do guarda-redes na sua grande área, ou fora dela. Há que perceber os momentos ideais de subir no terreno e, por conseguinte recuar até à linha de golo. Através destas acções o guarda-redes actua como um libero, ou seja, a posição que este assume proporcionará linhas de passe na saída para o ataque, mas também quando a linha defensiva se apresenta sobre pressão dos adversários.

SEGUIR O SENTIDO DE JOGO

Como já referimos em semanas anteriores, o guarda-redes de tipo A (antecipação) é aquele que acompanha constantemente o sentido de jogo dos seus colegas de equipa. Assim quando a equipa ataca a baliza adversária, o guarda-redes deve também avançar no terreno, proporcionando à equipa uma linha de passe adicional, mas também o posicionamento certo para evitar possíveis lançamentos de contra ataque do adversário.
Há que ter em atenção que o guarda-redes nunca deverá estar posicionado directamente atrás do último elemento da linha defensiva. O seu posicionamento deve ser sempre um pouco lateralizado, consoante o corredor lateral ou central onde a bola se encontre.

A presença de um guarda-redes tipo A, beneficia qualquer equipa. O treinador de guarda-redes deve promover a aprendizagem de várias acções técnicas e tácticas. Deve-se promover os exercícios de passe, recepções com várias partes do corpo, saídas de cabeça (em situações de bolas altas fora da área) e sobretudo as diferentes formas de reposição de bola. Basicamente o guarda-redes é o primeiro atacante e o último defesa. É o último a defender e o primeiro a lançar ataques.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Penalti



ANALISAR A SITUAÇÃO

É comum considerar-se o desempate por marcação de penaltis uma lotaria mas é bem mais que isso. A marcação de uma grande penalidade é o confronto entre o guarda-redes e o atacante numa das formas mais puras. A estatística diz-nos que o atacante tem uma larga vantagem neste confronto, afinal de contas o guarda-redes tem de defender uma área de quase 18m² e a bola está a apenas 11m da baliza. Mas com uma boa técnica e uma boa análise da situação, o guarda-redes pode aumentar bastante as suas hipóteses de sucesso.

Muitas vezes os jogadores que vão marcar o penalti tentam enganar o guarda-redes olhando para um lado e marcando para o outro. Há que desconfiar sempre que se vir o executante a olhar fixamente para um dos lados antes de bater o penalti pois isso normalmente significa que ele vai bater para o outro lado. Isso é tanto mais comum quando maior for a inexperiência do executante.

Relativamente à direcção da corrida, se o atacante abordar a bola de frente (perpendicular à linha de golo) poderá significar que a bola vai para o lado contrário do seu pé dominante pois é anatomicamente difícil nesse caso bater a bola para o lado contrário devido às óbvias limitações articulares do tornozelo. Se abordar a bola de uma forma muito angulada poderá significar que irá bater a bola para o lado do pé dominante. No entanto é importante referir que os bons executantes têm formas de contrariar estas tendências.

A posição do pé de apoio é um excelente indicador do local para onde a bola se irá dirigir... mas infelizmente o guarda-redes tem apenas uma fracção de segundo para analisar essa componente. Quando o pé de apoio está virado para o lado esquerdo (no caso de um executante destro) é sinal que a bola irá para a direita do guarda-redes, se o pé de apoio estiver virado para o meio ou para o lado contrário, a bola irá muito provavelmente para o lado esquerdo do guarda-redes.

No entanto, apesar de todos estes factores, é preciso muita experiência para conseguir ler o executante num espaço de tempo tão reduzido. Posso ainda dizer, a título pessoal assumindo por inteiro a responsabilidade desta afirmação, que pela minha experiência, os executantes destros tendem mais a bater os penaltis para a direita do guarda-redes e os esquerdinos tendem a bater para o lado esquerdo do guarda-redes, mas não é uma tendência tão evidente quanto isso portanto o melhor mesmo é analisar cada caso e treinar bastante estas situações.


TÉCNICA

Depois de tomada a decisão sobre para onde vai a bola, no acto da queda é muitíssimo importante reduzir o ângulo de remate ao máximo e como tal, a estirada deve ser feita para o lado e para a frente, sendo que o pé que irá ser responsável pela impulsão deverá ser direccionado na diagonal (o ideal será um ângulo de 45º com a linha de golo).

Em termos psicológicos, existem várias técnicas para distrair os atacantes, seja falar com eles antes da marcação ou movimentar-se ao longo da linha de golo de modo a confundi-lo ou persuadi-lo a alterar a sua decisão. Aqui vai depender muito do executante e do próprio guarda-redes. Este último, nos treinos, deve experimentar várias abordagens e ver qual funciona melhor no seu caso. Mais uma vez insisto neste ponto, é muito importante treinar estas situações, preferencialmente com jogadores de campo para perceber as suas tendências e os seus padrões de comportamento perante diferentes contextos.

Por fim, não podemos esquecer as capacidades físicas do guarda-redes, isto porque um guarda-redes que consiga ler o executante mas não tenha um bom poder de impulsão, dificilmente terá hipóteses de defender um penalti marcado por um bom executante (e normalmente, são os melhores executantes a marcar os penaltis, obviamente).

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Reposição



PONTAPÉS DE BALIZA

É cada vez mais importante que os guarda-redes consigam marcar bem os pontapés de baliza porque evita que um defesa tenha de descer à sua área desnecessariamente para o fazer, dando momentaneamente profundidade ao sector defensivo.

Há várias formas de bater os pontapés de baliza no entanto é o resultado que conta, ou seja, não a forma como se prepara para bater a bola mas sim para onde a bola vai. Este último aspecto já pode depender de objectivos estratégicos definidos pelo treinador.

Não existe uma fórmula mágica para bater pontapés de baliza, esta técnica desenvolve-se com o treino e como tal, é importante que os treinadores se preocupem com este aspecto. O que acontece na maioria das vezes é que os guarda-redes não treinam pontapés de baliza o que faz que eles não os marquem bem, implicando que um defesa se encarregue disso nos jogos, ou seja, o guarda-redes durante toda a semana não bate um único pontapé de baliza o que vai fazer com que nunca melhore a sua técnica.


TÉCNICA

Antes de mais, o pontapé de baliza não deve ser batido de uma forma displicente com o único objectivo de colocar a bola o mais longe possível da nossa baliza. É preciso que tenha um objectivo estratégico e como tal, o guarda-redes deve-se preocupar com a precisão do pontapé. Assim sendo, o guarda-redes deve visualizar o lance antes de partir para o pontapé de baliza, deve saber para que jogador da sua equipa a bola deve ir, deve imaginar um pontapé de baliza batido na perfeição. A visualização é uma técnica psicológica muito eficaz não só para os pontapés de baliza mas para todos os lances de bola parada (esquemas tácticos). Consiste em ver (ou imaginar) o pontapé, antes de o executarmos, bem sucedido (imagética).

O guarda-redes deve acertar na parte inferior da bola, numa linha imaginária que divide a bola ao meio e é perpendicular ao solo. O pé de apoio deve estar ao lado da bola no momento do pontapé e o tronco deve estar ligeiramente inclinado para trás para permitir que a bola ganhe altura mais facilmente.

Todo este movimento deve ser fluído e é aqui que o treino assume um papel preponderante pois com a prática este movimento torna-se natural, melhorando naturalmente a eficácia da sua execução.


BOLAS BOMBEADAS

Esta reposição é feita com o pé após o guarda-redes recolher a bola com as mãos na sua grande área. Esta técnica consiste em bater a bola numa linha recta até ao jogador alvo e normalmente é caracterizada pela grande altura que a bola atinge na fase aérea. Pode ser utilizada para permitir que a sua equipa tenha tempo de se reorganizar mas é pouco eficaz quando a equipa adversária tem uma média de alturas superior à nossa equipa.


REPOSIÇÃO EM VOLEI



Esta técnica é cada vez mais utilizada pelos guarda-redes devido à sua enorme eficácia e precisão em lances de contra-ataque ou ataque rápido. No entanto é também a técnica mais difícil de reposição de bola. Consiste em largar a bola com uma mão e pontapear com o pé contrário batendo de lado na bola (quase como um 'pontapé à meia volta'). Esta técnica é bastante usada pelos guarda-redes sul-americanos e traz sempre muitas vantagens ofensivas à própria equipa. Estas bolas são caracterizadas por terem uma trajectória não muito alta mas longa e rápida.


REPOSIÇÃO COM AS MÃOS (RASTEIRA)

Esta técnica faz lembrar um lançamento no bowling. Serve para fazer reposições rápidas e a curtas distâncias. O guarda-redes deve baixar o corpo para poder fazer o lançamento ao nível do solo, utilizando a mão bem aberta e o pulso flectido para controlar a direcção da bola. É importante que a bola não ressalte no chão para facilitar a recepção do colega de equipa portanto a bola deve sair o mais próximo do solo possível.


REPOSIÇÃO COM AS MÃOS (ALTA)

Neste tipo de reposição, costuma usar-se o braço que está livre para 'apontar' para o local onde se quer colocar a bola e o outro braço deve passar por cima da cabeça, com o cotovelo em extensão, largando a bola exactamente por cima da cabeça (para bolas longas) ou um pouco mais à frente (para distâncias mais curtas).


Os guarda-redes modernos têm de dominar todas as técnicas de reposição da bola devido à maior (e crescente) velocidade que o futebol tem nos dias de hoje. O guarda-redes é cada vez mais um jogador activo no processo ofensivo da equipa e estas técnicas têm um papel cada vez mais importante no repertório técnico do guarda-redes.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Posicionamento / Comando da Área



A prática na defesa de remates é fundamental no desenvolvimento de qualquer guarda-redes. O remate de vários ângulos, direcções e contextos, deve ser enfatizado no processo de treino. O guarda-redes jovem necessita de um processo de treino que promova a adaptação. A prática da defesa de remates reforça a estimulação da orientação espacial do guarda-redes, conseguindo este adaptar-se às várias situações em que ocorre o remate.

CANTOS
É neste tipo de lances que uma equipa pode virar o resultado de um jogo. É por isto que um guarda-redes deve ter um bom comando sobre os seus colegas da defesa. Posicionar correctamente os colegas ajuda em muito o trabalho de defender a baliza.
Outro ponto fulcral é o posicionamento do guarda-redes em situações de cruzamento de bolas. Para isto, a colocação de jogadores (laterais) junto aos postes, possibilita uma maior liberdade ao guarda-redes para atacar a bola, ou seja, não o acréscimo de preocupação na cobertura dos ângulos cobertos pelos jogadores junto aos postes.
Os guarda-redes devem lembrar-se que estando totalmente paralelos à linha de golo não beneficiam dessa posição para os deslocamentos de ataque à bola. Devem estar então, um pouco na diagonal com a linha de golo (entre 30º e 45º)


LINHA DE GOLO E PEQUENA ÁREA
Estando posicionado um pouco mais à frente da linha de golo, permite ao guarda-redes atacar a bola mais eficazmente. Com o corpo no ângulo anteriormente descrito, permitirá manter os olhos na bola, o que aliado a ter sempre um raio de visão aberto e desimpedido e os ângulos todos cobertos, facilita a permanência da baliza inviolável.
Em situações de cantos, quando a bola é cruzado para próximo da barra, o ideal é tocar a bola para cima desta. Nestes casos a velocidade de reacção complexa assume especial papel.
Após a bola ser cortada, o guarda-redes deve motivar os colegas a saírem da grande área para tentar novo ataque e evitar nova tentativa de ataque adversário.


GRANDE ÁREA
De forma semelhante ao que foi descrito em cima, a grande área deve ser defendida de forma semelhante.

LIVRES
Nos livres directos os guarda-redes põe em prática todas as suas habilidades. Posicionamento, trabalho de pés e comunicação são os componentes chave de uma situação de livre directo.
1º o guarda-redes deve posicionar os colegas para tentar travar o ataque ou remate. Aqui a comunicação é fundamental.

Quantos elementos na barreira?
Livre directo ou indirecto?
O posicionamento está correcto?


Deixamos as respostas às perguntas para os treinadores e guarda-redes, pois cada um tem a sua forma de pensar o processo de treino, assim como cada guarda-redes tem a sua forma de ver o jogo ou lance.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Visualização e comunicação


Durante 90 minutos de actividade, a mente de um guarda-redes está constantemente a criar novos cenários. Por vezes, a falta de actividade durante um jogo leva o guarda-redes a perder-se, muitas vezes com “a cabeça na lua”, o que poderá resultar em golo. É por isto que os guarda-redes têm de ser fortes mentalmente.
Um guarda-redes que não está mentalmente preparado, pode deitar por terra todo o treino físico que teve. É necessário que o guarda-redes esteja atento e concentrado durante os 90minutos de jogo, bem como durante o treino específico.

Dever do treinador e dos jogadores de campo… Pensamento Positivo

Pensamentos negativos e culpar o companheiro em algum tipo de lance, provocará resultados negativos dentro de campo. O guarda-redes é o único com uma visão ampla sobre o jogo, no entanto os seus erros são muitas vezes, ou quase sempre exagerados.
O espírito de grupo é fundamental, mas não tanto como o feedback positivo durante os treinos. Para um guarda-redes, é frustrante ouvir o seu treinador acusá-lo de errar, mas nada pior que essa acusação seja feita à frente de toda a equipa. As correcções devem ser feitas de forma moderada, dentro do grupo de treino em que os guarda-redes estejam inseridos, caso contrário estes poderão perder a credibilidade e a confiança por parte dos colegas de campo.
Qualquer um que aja de modo ofensivo para com os colegas ou não apoie o seu guarda-redes, deve ser reprimido em privado.
Nós, como treinadores, devemos compreender que criar maus hábitos e/ou conotações negativas é o princípio para o desmoronamento de uma equipa. Então, criar disciplina para o sucesso da equipa.


Técnicas para pensamento positivo e visualização
No caso do treino de jovens guarda-redes, não deveremos dizer “não” ou “fizeste isto mal”, em algum tipo de exercício ou jogo. O reforço positivo é fundamental, tal como “Excelente, vamos tentar fazer ainda melhor”
A palavra “não” traz consigo uma atitude negativa, que pode levar o guarda-redes a pensar que não consegue realizar um exercício correctamente.

Diário de treino e sugestões mentais
O diário de treino é uma boa forma de o guarda-redes tirar notas baseando-se em como se sentiu no treino (fadiga, ambiente positivo, forte, etc). Um diário poderá ser útil para apontar as actividades diárias, nutrição e até aspectos do jogo que um treinador poderá deixar passar. Neste diário de treino devem também ser incluídos vários objectivos, para os quais o guarda-redes trabalhará de forma a os atingir.
Deve-se criar um conjunto de palavras positivas para se ir lembrando durante os treinos e jogos, visando reforçar positivamente o ambiente de treino e sobretudo combater a possível frustração.
As sugestões mentais são importantes sobretudo para os jogos. Estas podem ser uma palavra, um som, um movimento, que leve o subconsciente a retornar a uma imagem positiva.
Através destas sugestões mentais, o guarda-redes poderá antecipar de forma favorável diversos lances do jogo, obtendo dessa forma vantagem sobre o adversário.

Comunicação
O guarda-redes deve expressar-se de forma audível e concisa durante os jogos, para que os seus colegas de campo o compreendam. Defender uma baliza requer um bom comando dos companheiros da defesa e a capacidade de comunicar a sua percepção do jogo.

A comunicação assume um papel fundamental nas seguintes situações:


- Cantos
- Livres
- Pontapés de baliza
- Posicionamento dos companheiros dentro da grande área.


Como é óbvio a lista não fica por aqui. Deixamos a cada treinador, através da sua percepção do treino e jogo, a conclusão desta lista.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Quedas

Realizar uma queda é uma experiência fantástica. É fantástico ver um guarda-redes voar para defender uma bola. O tempo de queda é fundamental, para além de um excelente trabalho de pés, aliado a uma boa potência muscular. Com um bom timming de queda, podemos gerar uma boa potência muscular para voar para a bola. A queda para a bola é, portanto, um bom sinal da potência muscular de um guarda-redes. É a soma das diferentes técnicas de queda, resultando num voo para atacar a bola e proteger a baliza.

QUEDAS RASTEIRAS
Numa queda rasteira, os guarda-redes tendem a usar as mãos para se levantarem rapidamente. Esta é uma boa técnica para o caso de o guarda-redes ter de realizar duas defesas seguidas (ao primeiro remate e ao ressalto de bola), em situações de 1x1.
É então necessário fazer com que a força seja conduzida para a frente do corpo, forçando as pernas a curvarem-se. Quando a bola estiver segura, o guarda-redes levanta-se, ajudado pela força criada pela perna que fica por cima, até à posição base. Exemplo: caindo para o lado esquerdo, a perna direita deverá ficar um pouco afastada da perna esquerda. Quando o guarda-redes se quiser levantar deverá empurrar rapidamente a perna direita para baixo, criando uma força que o permitirá levantar mais facilmente.
QUEDAS COM DESLIZAMENTO
Com esta queda, a bola é atacada junto ao chão. É normalmente utilizada em situações de 1x1, em que o avançado entra na área com uma velocidade elevada. O guarda-redes deslocar-se-á para a frente, mantendo o corpo centrado com a bola, deslizando para atacar a bola aos pés do avançado.


QUEDAS PARA A FRENTE
A queda para a frente acontece quando a bola é rematada à figura do guarda-redes. Esta não é necessariamente uma queda, mas sim uma boa colocação do corpo. O guarda-redes deverá colocar um joelho no chão, permanecendo a perna contrária flectida a 90 graus com o pé assente no chão. Assim que o guarda-redes tiver a bola segura nos seus braços, deverá colocar o peso do seu corpo sobre a bola, criando uma protecção extra.


ANATOMIA DA QUEDA
1- Posição base onde o guarda-redes está pronto e atento ao ataque
2- Trabalho de pés, utilizando 1 ou 2 passos laterais, seguidos de uma boa impulsão, que levará…
3- Ao voo e…
4- Aterragem;

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Socar a Bola



A decisão de socar a bola deve ser tomada apenas como último recurso pois é sempre preferível o guarda-redes agarrar a bola dado que é uma forma eficaz de a equipa recuperar a posse da mesma, no entanto, há situações em que é bastante arriscado tentar agarrar a bola, principalmente quando a bola vem com muita força ou em cruzamentos para locais onde estão vários jogadores adversários e é nessas situações (entre outras) que o guarda-redes deve socar a bola.

Primeiro vamos falar de como se devem ter as mãos ao socar a bola. O punho deve estar obviamente fechado mas os polegares devem estar sempre ao lado do dedo indicador e nunca dentro dos restantes dedos. Uma boa forma de saber se o polegar está bem colocado, é socar o chão. Se ao fazê-lo, sentir alguma dor é porque a posição dos dedos está errada. É importante que a base do punho com a qual se vai socar a bola seja uma superfície o mais plana possível de modo a controlar melhor o local para onde a bola irá depois de a socar.

O ideal será sempre socar a bola com os dois punhos pois estaremos a utilizar uma cadeia cinética com um maior número de músculos e assim a bola irá (se a técnica for bem utilizada) obviamente mais longe sendo esse o objectivo ao socar uma bola. Outra vantagem de socar a bola com os dois punhos é que a superfície de contacto com a bola é maior e assim há menos probabilidades de falhar a bola.

Mas existem situações em que não é possível usar os dois punhos sendo que socar a bola com uma mão é a única solução. Isto acontece muito em cruzamentos para a área com a bola muito puxada para fora do alcance do guarda-redes. Nestas situações há que ter em atenção um aspecto importante. Quanto mais se puxar o braço atrás para depois socar a bola, mais longe esta irá depois do contacto mas também será maior a probabilidade de falhar a bola e deixá-la à mercê do atacante. Por causa disto, é de extrema importância treinar muito estas situações.

Ao treinar situações em que os guarda-redes devem socar a bola, deve-se dar primazia à técnica e depois, quando a técnica estiver dominada, insistir na força / impulso da acção de modo a conseguir socar a bola de forma a que esta vá o mais longe possível.

Os cruzamentos são provavelmente a acção mais difícil para o guarda-redes pois dependem de inúmeros factores e eles têm de fazer inúmeros ‘cálculos’ mentais para tentar saber a trajectória da bola, altura da bola, onde deve saltar, quantos adversários tem à sua volta, se dá para agarrar ou não, se dá para socar com dois punhos ou só com um, etc. Isto é ainda mais importante no futebol moderno onde os esquemas tácticos assumem uma importância vital nos jogos onde vemos cada vez mais golos originados através de cantos ou livres laterais.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Cobertura dos Ângulos de Remate




Compreender os ângulos de remate à baliza por parte do guarda-redes é bastante importante para que estes se posicionem sempre em locais vantajosos de forma a defenderem ou atacarem a bola de uma forma mais económica.

Em termos tácticos, seja em que sistema for, o guarda-redes é sempre o último homem da defesa e está constantemente o ponto central da sua defesa. Ele deve sempre seguir o movimento da sua defesa, em função da bola, sendo um membro activo e em constante movimento. Também é importante que se mantenha sempre à frente da linha de golo, pois desta forma o seu raio de acção cobre uma maior área de baliza. Este ponto aplica-se tanto a guarda-redes altos como baixos, pois o princípio é o mesmo.

Em todos os momentos da fase ofensiva da equipa adversária, o guarda-redes deve estar de frente para a bola, ou seja, o seu corpo deve estar perpendicular com a bola para que esteja sempre pronto a defender um eventual remate para qualquer um dos lados.

Em situações de 1 x 1 (atacante vs guarda-redes), este último deve sair da sua baliza para fechar o ângulo de remate de uma forma rápida mas equilibrada. No entanto, deve ter em conta a distância do atacante da baliza. Uma saída da baliza demasiado cedo pode ter resultados negativos neste tipo de situações. Enquanto o atacante se aproxima da baliza, o guarda-redes deve sempre estar atento às suas acções e procurar o momento em que este adianta em demasia a bola e quando isso acontecer, sair o mais rápido possível da baliza com um único objectivo: agarrar a bola! Se tal não acontecer, é importante que o guarda-redes mantenha a sua posição até o atacante entrar na área, neste momento, o guarda-redes deve sair-se o mais rápido possível até estar a cerca de 4 metros do atacante sendo que neste momento deve abrandar e evitar a todo o custo cair no chão porque assim que o guarda-redes cai, o avançado fica com mais opções de remate e drible, tornando-se mais fácil e seguro fazer o golo. Ao manter-se na sua posição base fundamental, o guarda-redes obriga o atacante a tomar uma decisão, algo que em situações de grande pressão como são os casos de um avançado de frente a frente com o guarda-redes, pode significar uma má decisão ou uma má execução.

Acima referimos alguns exemplos de situação de 1 x 1 e como é óbvio, não se aplicam a todas as situações. Se quisermos ser mais minuciosos, então é preciso ter em conta factores como as condições climatéricas, estado do terreno, velocidade do atacante, velocidade do guarda-redes, posicionamento da defesa, etc. mas há duas regras que se devem aplicar sempre:

► Nunca se deve hesitar! Assim que o guarda-redes decide sair para ganhar uma bola, já não há volta a dar. A hesitação pode deixar o guarda-redes a meio caminho e dessa forma, facilitar de sobremaneira a acção do atacante.

► Sempre que o guarda-redes cair para defender uma bola, deve cair para a frente, nunca para trás. Cair para a frente fecha mais rapidamente e de forma mais eficaz o ângulo de remate e mesmo que o guarda-redes não agarre a bola, é menos provável que esta se dirija na direcção da baliza.

Queremos ainda referir que a questão dos ângulos de remate não se resumem a situações de 1 x 1 porque com a defesa organizada e a outra equipa a utilizar um ataque posicional, também é preciso ter esta preocupação porque a qualquer momento pode surgir um remate e o guarda-redes tem de estar em todos os momentos pronto para defender a bola, isto significa que deve estar constantemente a reduzir o ângulo de remate ao máximo.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Trabalho de Pés



O trabalho de pés é considerado um aspecto básico no treino de guarda-redes e por básico não quero dizer simples, quero dizer que é um aspecto que deve servir de base a todas as acções técnicas do guarda-redes sendo que é uma área de extrema importância no treino. O trabalho de pés serve para o guarda-redes se movimentar de uma forma rápida, segura e eficiente de forma a conseguir o melhor posicionamento, o mais rápido possível para poder aumentar as suas hipóteses de defender a bola, e é também importante para as estiradas de forma a optimizar a impulsão e, assim, fazer com que o guarda-redes chegue mais longe.

O trabalho de pés também é importante para que se mantenha sempre o corpo em equilíbrio. São de evitar quaisquer situações em que um guarda-redes seja apanhado em ‘contra-pé’ pois limita à partida as possibilidades de defesa. Através de uma boa eficiência a nível das deslocações, o guarda-redes consegue manter o seu equilíbrio e assim estar melhor preparado para defender uma bola, seja em que circunstância for.

Nos deslocamentos do guarda-redes, em acção defensiva, deve ser feito através de passos curtos, rápidos e fluidos. Devem ser curtos de modo a que o equilíbrio seja mantido, quanto mais longo for o passo, mais tempo o guarda-redes leva a recuperar a posição base fundamental, logo, mais tempo ele demora a estar pronto a defender uma bola. Devem ser rápidos para que o seu posicionamento óptimo seja conseguido o mais depressa possível e também porque, uma acção atempada ajuda a que o guarda-redes esteja mais concentrado no jogo para além de que os movimentos curtos e rápidos ajudam o músculo a estar mais apto a um gesto mais explosivo (como uma estirada por exemplo) através da somação de estímulos nervosos. Aqui, a palavra fluido significa que os passos sejam feitos rente ao solo, pois quanto mais próximos os pés estiverem do solo, obviamente que mais rápida será a reacção do guarda-redes a uma acção inesperada do adversário.
Também é muito importante que os deslocamentos do guarda-redes sejam feitos com uma ligeira flexão dorsal do pé, isto quer dizer que o guarda-redes deve estar apoiado mais nos dedos dos pés e não nos calcanhares, isto para que esteja mais pronto a mudar de direcção (também os velocistas correm em bicos dos pés para conseguir uma maior aceleração e consequente velocidade máxima).
Nos movimentos laterais, não se deve cruzar as pernas, excepto quando se tem de fazer um grande deslocamento num curto espaço de tempo (digamos ir de um poste ao outro para defender um remate que foi feito). Em todas as outras situações, é de evitar cruzar as pernas porque para além de o guarda-redes correr o risco de tropeçar nele próprio, também está a rodar ligeiramente o tronco de forma a não ficar perpendicular com a bola e faz com que perca o equilíbrio e velocidade de reacção.

Os guarda-redes devem ter em mente que um bom guarda-redes não é aquele que faz voos espectaculares onde defende bolas quase impossíveis mas sim aquele que não precisa sequer de se atirar para o lado para defender pois consegues estar no local exacto através de um bom posicionamento (que deriva de um bom trabalho de pés). Claro que nenhum guarda-redes consegue evitar sempre uma estirada para defender uma bola só através de um bom posicionamento, também por mérito dos atacantes adversários, mas pode sempre evitar muitas quedas.

domingo, 23 de agosto de 2009

Em construção . . .


Este blog está ainda em fase de pré-época. Estamos a ultimar os preparativos para que fique pronto o mais depressa possível. Não prometemos ser breves, mas vamos tentar.